Brexit: 27 concordam com extensão do prazo para evitar caos, mas falta fechar a duração
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Decisão final só deverá ser tomada na sexta-feira, mas os 27 concordam em conceder uma extensão ao Reino Unido para evitar saída caótica. Falta, no entanto, decidir por quanto tempo. O processo deverá ser concluído sem necessidade de cimeira
A reunião desta quarta-feira entre os embaixadores dos 27 deixou claro que "todos concordam com a necessidade de uma extensão para evitar um Brexit sem acordo", adiantam duas fontes europeias ao Expresso. Outra fonte confirma o entendimento e adianta que o "primeiro voto" desta terça-feira na Câmara dos Comuns foi visto como "positivo", ao abrir a porta para que o parlamento britânico aprove finalmente a legislação e o Acordo de Saída do Reino Unido da UE.
No entanto, não foi tomada qualquer "decisão final" - nem a reunião desta quarta-feira tinha esse fim - e estão ainda em aberto duas questões: o calendário e o método de aprovação.
Boris Johnson (à esquerda) e Jeremy Corbyn, na Câmara dos Comuns, a 14 de outubro, durante a sessão parlamentar em que Isabel II discursou
A duração da extensão continua em discussão. Pressionado pelo parlamento britânico, o Governo de Boris Johnson pediu para ficar até 31 de janeiro, com a possibilidade de sair mais cedo, caso o Acordo seja ratificado antes. No entanto, essa não é a vontade do primeiro-ministro do Reino Unido.
O presidente francês Emmanuel Macron também está relutante em dar um prazo tão longo e prefere uma extensão mais curta para fazer pressão. Mas, de acordo com fonte europeia, França está isolada. Os restantes 26 estão ao lado do presidente do Conselho Europeu e disponíveis para conceder o tempo pedido no sábado.
Em abril passado, foi também França quem insistiu em dar menos tempo. Outros países queriam, nessa altura, dar até mais um ano, mas, pela oposição francesa, a data de consenso do Brexit acabou por ser 31 de outubro, sendo de novo agora adiada.
Quanto ao método de tomada de decisão, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, propôs que fosse por procedimento escrito, sem necessidade de se realizar uma cimeira extraordinária. Fonte europeia adianta que há "uma forte preferência" por este processo para tomar a decisão final. No entanto, a deslocação dos líderes europeus a Bruxelas não está ainda excluída a 100%.
Na próxima sexta-feira há nova reunião de embaixadores dos 27. E, de acordo com duas fontes, até lá deve ser tomada uma decisão. Entretanto, Tusk continuará a consultar as várias capitais e esta quarta falou ao telefone com Boris Johnson. "Dei-lhe as minhas razões para recomendar aos 27 que aceitem o pedido de extensão", escreveu na rede social Twitter.
Após a votação de ontem na Câmara dos Comuns, França tinha mostrado alguma relutância sobre a extensão, falando na necessidade de mais clarificações par ser concedida. Mas agora estará já convencida.
A aprovação do adiamento é tomada por unanimidade, o que significa que todos têm de estar de acordo, incluindo o Reino Unido. Negar o pedido, faria recair sobre a UE a responsabilidade por uma saída desordenada no dia das Bruxas, algo que Tusk rejeita, tal como vários líderes europeus.