Internacional

Algumas das tropas americanas vão permanecer na Síria, anuncia Trump

Algumas das tropas americanas vão permanecer na Síria, anuncia Trump
EPA

O Presidente dos EUA disse ainda que Israel e a Jordânia lhe pediram para deixar um pequeno contingente numa “secção da Síria”. O cessar-fogo entre as tropas turcas e as forças lideradas pelos curdos termina esta noite. Horas antes, os Presidentes turco e russo encontram-se para discutir assuntos como “o combate a grupos terroristas internacionais”

Algumas das tropas americanas vão permanecer na Síria, anuncia Trump

Hélder Gomes

Jornalista

O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse esta segunda-feira que algumas tropas americanas vão permanecer na Síria, apesar do anúncio anterior de uma retirada total. As declarações são feitas um dia depois de o secretário norte-americano da Defesa, Mark Esper, ter confirmado que todas as tropas dos EUA que estão a abandonar o norte da Síria seriam transferidas para a parte ocidental do Iraque.

Trump tem repetido a promessa de fazer regressar os soldados americanos a casa.

Há duas semanas, as tropas da Turquia e os combatentes sírios apoiados por Ancara lançaram uma ofensiva no nordeste da Síria escassos dias depois de Trump ter anunciado que iria retirar as tropas americanas do local – na prática, abrindo caminho à ofensiva turca.

A operação de Ancara visa as Forças Democráticas Sírias (SDF), formadas por curdos financiados e treinados pelos EUA desde 2015 para combaterem o Daesh. Os curdos conseguiram derrotar o autoproclamado Estado Islâmico em março, perdendo 11 mil soldados. No entanto, Ancara alega que o maior grupo das SDF, as Unidades de Proteção Popular (YPG), é constituído por terroristas ligado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta há décadas contra o Estado turco.

A decisão de Trump de abandonar as SDF perante um iminente ataque turco tem sido amplamente criticada, mesmo pelos seus aliados mais indefetíveis, e descrita como uma traição a um parceiro militar dos EUA. A medida terá como consequências mais um desastre humanitário e um possível ressurgimento do Daesh, sublinham os críticos.

Cessar-fogo termina ao início da noite

O cessar-fogo de cinco dias, acordado para permitir a retirada de forças lideradas pelos curdos, termina esta terça-feira às 22:00 locais (menos duas horas em Lisboa). Trump não descartou a possibilidade de uma extensão da trégua.

Desde o início do conflito, mais de 300 mil pessoas terão fugido das suas casas.

Ainda esta terça-feira, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reúne-se com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para conversações sobre a ofensiva turca na Síria. “Vamos iniciar este processo com Putin e depois tomaremos as medidas necessárias”, declarou Erdogan.

De acordo com o site do Kremlin, o encontro irá realizar-se na cidade russa de Sochi e incidirá sobre tópicos relacionados com “o combate a grupos terroristas internacionais e a promoção de um processo de estabilização política” na Síria.

Apesar da promessa de Trump, contingentes dos EUA no mundo engordam

Trump voltou esta segunda-feira a defender a sua decisão de retirada das tropas. “Porquê colocar os nossos soldados no meio de dois grandes grupos, possivelmente centenas de milhares de pessoas, a lutar? Não me parece. Fui eleito com a promessa de trazer os nossos soldados de volta para casa.”

Em simultâneo, o Presidente referiu que Israel e a Jordânia lhe haviam pedido que deixasse um pequeno contingente numa “secção totalmente diferente da Síria”. Noutra parte do país, as forças americanas são necessárias para “assegurar o petróleo”, acrescentou.

Nas contas da BBC, há cerca de 200 mil tropas americanas posicionadas em zonas de conflito em todo o mundo. Desde maio, o contingente americano no Golfo aumentou em 14 mil soldados, na sequência de ataques a petroleiros cuja responsabilidade os EUA atribuem ao Irão. Além disso, o Pentágono anunciou já este mês que cerca de três mil soldados americanos seriam enviados para “melhorar a defesa da Arábia Saudita”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate