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Brexit. Alto funcionário da UE diz que não haverá negociações com Johnson na cimeira, avança a Reuters

Brexit. Alto funcionário da UE diz que não haverá negociações com Johnson na cimeira, avança a Reuters
Sean Gallup/Getty Images

Este é um dos mais recentes golpes para o primeiro-ministro britânico, que esta manhã já ouviu que os unionistas “não poderiam apoiar” o seu plano. Entretanto, o Labour reafirmou que iria pressionar para a realização de um referendo ao acordo de Johnson, enquanto Merkel confessou não saber se a cimeira destas quinta e sexta-feiras terminaria com acordo

Brexit. Alto funcionário da UE diz que não haverá negociações com Johnson na cimeira, avança a Reuters

Hélder Gomes

Jornalista

Um alto funcionário da União Europeia (UE) disse que não haverá negociações sobre o Brexit com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na cimeira de dois dias que arranca esta quinta-feira em Bruxelas, avança a agência de notícias Reuters.

Entretanto, o trabalhista Tony Lloyd, ministro-sombra para a Irlanda do Norte, confirmou que o Labour iria pressionar para a realização de um referendo ao acordo de Johnson. A informação não constitui propriamente uma novidade, uma vez que o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, vem dizendo há algum tempo que se o Reino Unido se vir perante um Brexit sem acordo ou o que apelida de “Brexit prejudicial dos conservadores”, deve haver uma nova consulta popular.

Na quarta-feira, um grupo multipartidário de deputados opositores do Brexit esteve em Bruxelas e insistiu que qualquer acordo deve ser submetido a um novo referendo. Os deputados pela permanência na UE sublinham que em 2016, o ano em que os britânicos votaram maioritariamente pela saída, não foi posto à consideração dos eleitores qualquer acordo para deixar o mercado comum e a união aduaneira.

Unionistas roem a corda no apoio a acordo de Johnson

Ao início da manhã desta quinta-feira, a líder do Partido Unionista Democrático (DUP), Arlene Foster, e o líder da bancada parlamentar do DUP, Nigel Dodds, disseram que “não poderiam apoiar” o plano de Johnson. A decisão, conhecida através de um comunicado divulgado ainda antes das 07h da manhã, representa um duro golpe para Johnson numa altura em que este chega a Bruxelas para uma cimeira considerada decisiva.

“Estamos envolvidos nas discussões em curso com o Governo. Tal como está, não podemos apoiar o que é sugerido em questões alfandegárias e de consentimento, e há uma falta de clareza sobre o IVA. Continuaremos a trabalhar com o Governo para tentarmos alcançar um acordo sensato que funcione para a Irlanda do Norte e proteja a integridade económica e constitucional do Reino Unido”, lê-se no comunicado.

O norte-irlandês DUP apoia o Governo de Johnson e constitui uma das peças-chave para a aprovação no Parlamento britânico de um qualquer acordo que saia de Bruxelas. Não dispondo de maioria, o primeiro-ministro precisa do apoio dos conservadores favoráveis ao Brexit e dos unionistas. No entanto, este apoio esteve sempre dependente da alternativa proposta para o ‘backstop’ (a solução estipulada no acordo de Theresa May, que antecedeu Johnson em Downing Street, para evitar uma nova fronteira na Irlanda).

“Não permitiremos que o ódio e a violência regressem à ilha da Irlanda”, garante Merkel

Ainda esta manhã, a chanceler alemã, Angela Merkel, confessou perante os deputados no Bundestag não saber se a cimeira terminaria com um acordo entre Londres e Bruxelas. “Houve movimentações significativas nos últimos dias, pelo que estamos num ponto melhor do que antes. Mas devo dizer muito claramente que ainda não atingimos o objetivo. Por isso, não posso dizer hoje como o Conselho Europeu terminará amanhã. Mas posso dizer que não permitiremos que o ódio e a violência regressem à ilha da Irlanda”, sublinhou Merkel.

Johnson quer que o Reino Unido deixe a UE no atual prazo estipulado, 31 de outubro, “aconteça o que acontecer”, e tem-se mostrado avesso a um novo pedido de adiamento. Alguns dirigentes europeus temem que este ainda seja necessário para resolver aspetos técnicos legais. A acontecer, seria o terceiro adiamento.

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