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Assange vai continuar preso quando a sua pena terminar daqui a dias

Assange vai continuar preso quando a sua pena terminar daqui a dias
Jack Taylor/GETTY

Uma juíza num tribunal de Londres explicou que é grande o risco de ele voltar a fugir enquanto espera que o seu pedido de extradição seja decidido

Luís M. Faria

Jornalista

O fundador da Wikileaks, Julian Assange, não será libertado quando acabar de cumprir a pena a que foi condenado por ter fugido à justiça britânica. Em vez disso, continuará na cadeia à espera da decisão sobre o pedido de extradição que os EUA apresentaram.

"Quando isso acontecer, a sua situação mudará da de um preso a cumprir pena para a de uma pessoa que enfrenta extradição", explicou uma juíza num tribunal distrital de Londres. "Dei à sua advogada uma oportunidade de pedir fiança em seu nome e ela declinou fazê-lo. Talvez não seja surpresa, à luz da sua história de fugir a estes procedimentos. Na minha opinião, tenho fundamento substancial para crer que, se o libertar, o senhor voltará a fugir."

Assange, a quem o governo americano acusa de 'computer hacking' e de publicar informação confidencial americana (incluindo um famoso vídeo que mostra um helicóptero militar dos EUA a disparar com grande gáudio sobre um grupo de pessoas inocentes e indefesas, matando várias) refugiou-se em 2012 na embaixada do Equador em Londres, na sequência da decisão de o extraditarem para a Suécia para enfrentar acusações de violação.

Após sete anos na embaixada, em abril deste ano foi expulso à força pelo governo equatoriano. Nessa altura os EUA revelaram que existia uma acusação formal sobre ele. Mais tarde a Suécia também decidiu reabrir o processo contra ele, que entretanto havia sido encerrado, mas o pedido americano acabou por ter prioridade.

Há meses, o então ministro do Interior britânico decidiu autorizar a extradição. A decisão ficou sujeita a recurso judicial, e a audiência final terá lugar em fevereiro do próximo ano. Responsáveis do governo americano deram recentemente a entender estarem certos de que terão sucesso.

Rumores sobre a deterioração do estado físico e mental de Assange têm corrido com frequência. Desta vez, quando a juíza lhe perguntou se compreendia o que lhe estavam a dizer, ele respondeu: "Nem por isso. Estou certo de que os advogados explicarão." Diversas personalidades públicas têm manifestado solidariedade com Assange, notando que publicar materiais confidenciais é jornalismo, não crime.

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