O número de mortes devido a doenças pulmonares que se acredita estarem relacionadas com a utilização de cigarros eletrónicos continua a aumentar. Esta terça-feira, as autoridades do Kansas confirmaram a morte de uma sexta pessoa, de 50 anos, com um historial de problemas de saúde.
A vítima terá dado entrada no hospital com vários sintomas que terão progredido rapidamente, esclareceu o Departamento da Saúde e do Ambiente do estado do Kansas à “CBS News”. Não foram avançados quaisquer detalhes sobre o tipo ou modelo de cigarro eletrónico utilizado, à semelhança do que aconteceu nas cinco mortes anteriores, a primeira ocorrida a 23 de agosto, no Illinois, a segunda em Oregon e as seguintes nos estados de Indiana, Minnesota e Califórnia.
Até ao momento, foram registados 450 casos de doença pulmonar causada potencialmente pelo uso de cigarros eletrónicos, em 33 estados norte-americanos. As vítimas começaram por apresentar sintomas como tosse, dor no peito e dificuldade em respirar, e num curto período do tempo a sua saúde deteriorou-se ao ponto de terem de ser hospitalizados (outros pacientes apresentaram sintomas como náuseas, vómitos, diarreia, fadiga e perda de peso).
Embora estes casos correspondam, na sua maioria, a jovens, as vítimas mortais eram adultos, de acordo com informações divulgadas pelas autoridades norte-americanas. Uma dessas vítimas era de “meia idade”, outra tinha 65 anos e as restantes “eram mais velhas” e tinham problemas de saúde crónicos.
Consumidores recorreram a produtos com compostos da canábis
Segundo uma análise preliminar realizada pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (baseada em 215 possíveis casos de doença pulmonar causada por cigarros eletrónicos), a maioria dos consumidores recorreu a produtos que continham compostos da canábis, incluindo THC (tetraidrocanabinol), substância psicoactiva encontrada na canábis, refere o jornal “The Hill”.
Por não serem inteiramente conhecidas as causas das doenças pulmonares registadas, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA apelou aos consumidores para que não utilizem cigarros eletrónicos. “Essa é a única forma de prevenir doenças pulmonares. Assim que obtivermos mais informações sobre os cigarros eletrónicos iremos rever as nossas recomendações sobre esses produtos”, afirmou a médica Dana Meaney-Delman.
Empresa Juul Labs na mira das autoridades
As autoridades de saúde federais norte-americanas acusaram a empresa Juul Labs, uma gigante na área da comercialização de cigarros eletrónicos, de ter promovido de forma ilegal os seus cigarros eletrónicos como uma alternativa mais saudável aos cigarros, incluindo nas escolas, junto dos alunos. Na segunda-feira, a FDA (Food and Drug Administration, que controla a qualidade alimentar e dos fármacos no país) enviou uma carta à empresa a manifestar a sua preocupação relativamente ao marketing feito pela empresa a estes cigarros.
Já esta terça-feira, o multimilionário e político norte-americano Michael Bloomberg, acusou a FDA de contribuir para a utilização em massa de cigarros eletrónicos por parte dos jovens e anunciou que vai disponibilizar 160 milhões de dólares (cerca de 144 milhões de euros) para o financiamento de um novo programa que terá como objetivo pôr fim à utilização destes cigarros por adolescentes norte-americanos.
No final de junho deste ano, a cidade de São Francisco, no estado norte-americano da Califórnia, anunciou que vai proibir a venda de cigarros eletrónicos já no início do próximo ano. Em causa estão os receios face aos efeitos desta alternativa face ao tabaco tradicional.
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