Internacional

França ameaça vetar pedido de extensão do Brexit

Jean-Yves Le Drian, ministro dos Negócios Estrangeiros de França
Jean-Yves Le Drian, ministro dos Negócios Estrangeiros de França
Chesnot/Getty

Ministro dos Negócios Estrangeiros francês revela frustração com o impasse nas negociações entre o Reino Unido e a União Europeia. E garante que os líderes europeus não vão estender o prazo do Brexit “a cada três meses” — respondendo assim à lei aprovada esta semana no Reino Unido para adiar a saída da UE até 31 de janeiro de 2020

Invocando uma “preocupante” falta de progresso nas negociações com a União Europeia (UE), o Governo francês ameaçou este domingo vetar uma nova extensão do prazo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

“É muito preocupante. Os britânicos têm que nos dizer o que querem”, declarou o ministro dos negócios estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, citado pelo “Guardian”.

Questionado sobre a possibilidade de um adiamento do Brexit além de 31 de outubro, Le Drian mostrou que a paciência dos líderes europeus tem limites. “Não vamos fazer isto [estender o prazo] a cada três meses”, garantiu.

O Parlamento britânico — que recuperou recentemente o controlo da sua agenda — aprovou esta semana a lei de Benn, que prevê a extensão do Brexit até 31 de janeiro de 2020, para impedir um 'hard Brexit' (saída sem acordo).

A legislação — que deverá receber o selo real na próxima semana — exige que Boris Johnson peça uma extensão do artigo 50º no caso de não existir um acordo até 19 de outubro. Mas o primeiro ministro já disse no sábado que não iria pedir uma extensão e quer contestar a lei de Benn no Supremo Tribunal.

Uma das preocupações do Governo do Reino Unido é remover a barreira (backstop) irlandesa, que manteria a Irlanda do Norte no mercado único europeu e o Reino Unido numa união aduaneira, criando uma fronteira difícil na ilha da Irlanda.

Mas fontes em Bruxelas, citadas pelo “Guardian” garantem que o Reino Unido não tem apresentado “propostas substanciais” e “concretas” sobre “como travar um backstop” e fechar um acordo para o Brexit, embora “finja o contrário”.

As últimas demissões, do irmão de Boris Johnson, Jo Johnson (ministro das Universidades e Ciência), e de Amber Rudd (ministra do Trabalho e da Segurança Social), apontam para isso mesmo.

Na sua carta de demissão, Amber Rudd explicou que se juntou ao Governo “de boa fé e com consciência que um Brexit sem acordo tinha que estar em cima da mesa”, mas agora já não acredita que “um Brexit com acordo seja o principal objetivo do Governo”.

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