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Bruxelas quer “boa razão” para adiar saída do Reino Unido, mas quererá também um comissário?

Bruxelas quer “boa razão” para adiar saída do Reino Unido, mas quererá também um comissário?
DOMINIQUE FAGET/Getty Images

A Comissão Europeia continua aberta a um pedido de extensão da permanência do Reino Unido, mas diz que este teria de vir acompanhado de “uma boa razão”. No entanto, não adianta se tem também de incluir a nomeação de um comissário britânico

Bruxelas quer “boa razão” para adiar saída do Reino Unido, mas quererá também um comissário?

Susana Frexes

Correspondente em Bruxelas

Bruxelas diz que, para já, "a situação é hipotética", mas se se confirmar o pedido de adiamento do Brexit, a Comissão Europeia considera que "tal pedido teria de ser por uma boa razão". E que razão seria? A porta-voz do executivo comunitário Mina Andreeva não explica. "Quando for apresentada, vamos analisá-la. Podemos falar sobre isso quando acontecer".

Não é a primeira que os 27 pedem uma boa justificação a Londres para adiar a data do Brexit. Já o fizeram em março e abril voltam agora a repetir a mensagem, numa altura em que essa possibilidade cresce do outro lado do canal da Mancha. Evitar o pior cenário - uma saída desordenada dos britânicos - foi a grande justificação utilizada há seis meses e poderá novamente ser a razão capaz de convencer a UE a aceitar o pedido.

No entanto, a mesma porta-voz também lembra que os 27 têm de concordar com essa solução por unanimidade. E em abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, mostrou-se muito reticente a concordar com novo adiamento em outubro.

Negociações continuam sem progressos

Enquanto não há pedido de extensão, há conversas entre os negociadores da UE e do Reino Unido, mas sem avanços visíveis. David Frost esteve ontem no edifício da Comissão, mas ainda não foi desta que o representante britânico apresentou propostas para ultrapassar o impasse nas negociações entre Bruxelas e Londres, nem "alternativas" ao mecanismo de salvaguarda para a fronteira entre as duas Irlandas, e que o Governo de Boris Johnson recusa aceitar.

As discussões ao nível técnico vão continuar e há um novo encontro marcado para amanhã. "Os dois lados concordaram em reunir-se novamente esta sexta-feira e para que as conversar progridam precisamos de receber propostas concretas", adianta Mina Andreeva.

"Esperar" e "propostas concretas" estão entre as palavras que mais tem repetido nos últimos dias e que voltou hoje a repetir durante a habitual conferência de imprensa diária com os jornalistas, lembrando sempre que tais propostas têm de respeitar o Acordo de Saída negociado com Theresa May, e essa é a parte que parece mais difícil de concretizar.

Extensão obriga a nomear comissário?

O primeiro-ministro Boris Johnson decidiu não apresentar qualquer nome para comissário britânico e a opção foi aceite, uma vez que a tomada de posse do novo executivo comunitário acontece no dia seguinte à saída do Reino Unido, marcada para 31 de outubro.

No entanto, se o Brexit for adiado, a questão da nomeação do comissário volta a colocar-se. O Reino Unido continuaria a ser Estado Membro por mais algum tempo, o que significa que durante esse período "teria os mesmos direitos e deveres (dos restantes 27), incluindo um comissário" na equipa da alemã Ursula Von der Leyen. Isso mesmo foi dito ao Expresso por fonte comunitária em julho.

Mina Andreeva escusa-se agora a comentar qual seria a solução. Para já, a nova Comissão terá uma presidente e 26 comissários. "Se a situação mudar podemos discutir o assunto outra vez", diz apenas a porta-voz.

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