Internacional

Sair sem acordo vai prolongar incerteza económica e política no Reino Unido

Uma manifestção pela continuação do Reino Unido na UE em frente ao Parlamento britânico
Uma manifestção pela continuação do Reino Unido na UE em frente ao Parlamento britânico
Peter Summers/ Getty Images

Novo estudo divulgado pelo 'think tank' “The UK in a Changing Europe” alerta que, sem um acordo de saída, a União Europeia vai demorar mais a negociar com o Reino Unido

É muito pouco provável que a União Europeia demore muito mais a voltar a negociar com o Reino Unido caso a saída aconteça sem um acordo e sem que questões como os direitos dos cidadãos estejam definidos. E, sem isso, a incerteza política e económica em território britânico deve prolongar-se ainda por mais tempo, alerta o estudo “No deal Brexit: issues, impacts and implications”, divulgado pelo 'think tank' “The UK in a Changing Europe” esta terça-feira.

“De certa forma, os nossos resultados são inconclusivos. Não sabemos com grande certeza o que vai acontecer a curto prazo”, pode ler-se nas conclusões do estudo. “Mas bem mais importante, preocupa-nos não sabermos o que, em última instância, significa não ter um acordo.”

De acordo com o estudo, que sublinha todas as dificuldades já conhecidas e apresentadas por análises anteriormente publicadas, o facto de as negociações já não acontecerem ao abrigo do Artigo 50 “significa que será mais difícil, vai demorar mais e será potencialmente mais politizado (do lado da União Europeia)”.

Ao nível da segurança, por exemplo, os britânicos vão perder de imediato o acesso a sistemas de informação da Europol, enquanto o Cartão Europeu de Seguro de Doença perderá a utilidade para o os britânicos. “Olhando para o futuro, conseguimos identificar problemas reais na indústria automóvel, para empresas do sector espacial, para a saúde e também para os serviços financeiros. E enfatizamos ainda os problemas que uma saída sem acordo podem provocar na Irlanda do Norte”, sublinha o estudo.

Os investigadores lembram, ainda, que embora a questão económica seja “importante”, a narrativa política nos dias seguintes a um Brexit sem acordo são “cruciais”. “As perturbações logo no primeiro dia podem não ser tão perceptíveis como estudos anteriores previam. Empresas e governo vão ter que colocar em prática planos de contingência para se prepararem para os piores efeitos.

Ainda assim, o sistema financeiro não vai colapsar, o mercado não vai cair e as taxas de juro não vão disparar”, pode ler-se. “Mas muito continua incerto: como os consumidores se vão comportar, como os negócios vão reagir e quais as respostas políticas quer do Reino Unido quer da União Europeia. A recessão é altamente provável - mas a sua profundidade e gravidade são incertas.”

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