Trump publicou 2000 anúncios no Facebook a criticar a “invasão” dos emigrantes ilegais
A utilização dessa linguagem, que também se encontra no manifesto do autor do recente massacre no Texas, é vista como uma forma de demonizar os não-brancos
A utilização dessa linguagem, que também se encontra no manifesto do autor do recente massacre no Texas, é vista como uma forma de demonizar os não-brancos
Jornalista
Na sequência dos massacres de há uns dias, e em especial daquele que teve lugar em El Paso, Texas, onde o atirador publicou um manifesto a explicar que tinha agido para parar "a invasão hispânica do Texas", o presidente Donald Trump fez declarações públicas a condenar a supremacia branca e o ódio.
Porém, o manifesto ecoava quase à letra muito do que ele tem dito nos últimos anos. E agora soube-se que a campanha para a reeleição de Trump publicou desde janeiro dois mil anúncios no Facebook com mensagens como esta: "Temos uma INVASÃO! Por isso estamos a CONSTRUIR O MURO PARA A PARAR! Os democratas vão-nos processar. Mas queremos um PAÍS SEGURO! É CRÍTICO que PAREMOS A INVASÃO!".
No seu discurso esta semana, Trump disse: "A nossa nação deve criticar a uma só voz o racismo, o preconceito e a supremacia branca". Mas o presidente não demorou a criticar o seu antecessor, Barack Obama, por se ter referido ao assunto (sem o citar expressamente).
Trump notou que George W. Bush jamais criticou Obama em circunstâncias semelhantes, nomeadamente aquando do massacre na escola primária de Sandy Hook. Mas não referiu que ele próprio critica frequentemente Obama, atribuindo-lhe muitas das dificuldades que enfrenta em diversas áreas.
Obama raramente lhe responde, e praticamente nunca de forma direta. Entretanto, Hillary Clinton publicou uma mensagem a notar que todos os países têm jogos-vídeo e pessoas com doença mental; o que faz a diferença nos EUA é a quantidade de armas na mão dos cidadãos comuns. E uma especialista em extremismo, Heidi Beirich, citada pelo diário USA Today, disse que o termo 'invasor' para referir não brancos "é o termo mais demonizador que se pode usar".
"Significa que a pessoa não devia estar ali e pode-se ter de usar força para a expulsar", explica Beirich. Uma ideia que se encontra em certos tweets de Trump, nomeadamente quando ele avisa os imigrantes ilegais de que o exército americano está preparado e à espera deles.
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