O Departamento do Tesouro dos EUA determinou esta segunda-feira que a China está a manipular a sua moeda depois de Pequim ter deixado o yuan cair para o nível mais baixo em mais de uma década. A ação do Tesouro americano, desencadeada pela primeira vez desde 1994, intensificará a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
A decisão do Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, dá início a um processo formal de negociações bilaterais entre Washington e Pequim e cumpre uma promessa feita pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, no seu primeiro dia em funções. “Como resultado desta determinação, o Secretário Mnuchin irá dialogar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para eliminar a injusta vantagem competitiva criada pelas ações mais recentes da China”, revelou o Departamento do Tesouro, citado pela agência Reuters.
O FMI não comentou ainda a decisão. No mês passado, o credor internacional disse que o yuan se encontrava amplamente alinhado com os fundamentos económicos, enquanto o dólar americano estava sobrevalorizado entre 6% e 12%.
Além da baixa da moeda, a China também suspendeu as compras agrícolas dos Estados Unidos, inflamando uma guerra comercial que tem perturbado os mercados financeiros, interrompido cadeias de fornecimento e desacelerado o crescimento global.
Ainda antes da designação formal, Trump acusou esta segunda-feira Pequim de manipular a sua moeda. “A China baixou o preço da sua moeda para um nível quase histórico. Chama-se ‘manipulação da moeda’. Estás a ouvir, Reserva Federal? Esta é uma enorme violação que enfraquecerá grandemente a China com o tempo!”, escreveu no Twitter.
Na semana passada, Trump já agitara os mercados com o anúncio da imposição de tarifas de 10% sobre os restantes 300 mil milhões de dólares em importações chinesas a partir de 1 de setembro.
No comunicado, o Departamento do Tesouro refere que as ações da China violam o compromisso de evitar a desvalorização competitiva como parte do grupo dos 20 países mais industrializados. O Tesouro disse esperar que Pequim honre os compromissos e não vise a taxa de câmbio chinesa para fins competitivos.
Horas antes da determinação dos EUA, o governador do Banco Popular da China, Yi Gang, que tem sido uma figura essencial nas negociações comerciais entre Washington e Pequim, disse que o yuan se encontrava agora num nível apropriado, tendo em conta os fundamentos económicos da China. O responsável garantiu que Pequim não iria enveredar pela desvalorização competitiva e manteria a estabilidade e a continuidade das políticas de gestão cambial.
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