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China instala software espião nos telemóveis de quem visita Xinjiang

China instala software espião nos telemóveis de quem visita Xinjiang
PAU BARRENA/Getty Images

Nessa província que se está a tornar o maior laboratório de vigilância digital no mundo, nem os turistas escapam

Luís M. Faria

Jornalista

A China está a instalar software de espionagem nos telemóveis de quem visita Xinjiang. Essa região, a mais ocidental do país, serve cada vez mais de laboratório para um sistema de vigilância digital extremamente sofisticado. Embora os locais sejam os principais alvos, os turistas e outros visitantes não escapam.

O software copia não só as suas mensagens de texto como muitos outros tipos de dados - incluindo contactos telefónicos e registos de chamadas, bem como nomes de utilizador usados em aplicações. Não se sabe onde ou por quanto tempo a informação recolhida é guardada.

Segundo uma investigação conjunta de algumas dos melhores orgãos de imprensa internacionais, incluindo o "Guardian", o "New York Times" e o "Süddeutsche Zeitung", os estrangeiros, quando chegam à fronteira, têm de entregar os seus telefones aos guardas, que lá põem o sofware.

Uma vez instalado, ele procura determinados materiais que constam de uma lista. Nomeadamente, tudo o que possa ter a ver com temas islâmicos. Mesmo livros de académicos respeitáveis podem ser sinalizados, a par de conteúdo "extremista" propriamente dito.

Tipicamente, a China justifica estas e outras medidas com o argumento de que se trata de prevenir o terrorismo. Deplorando aquilo que considera interferências (isto é, críticas) de outros países nos seus assuntos internos, diz que o governo quer promover a paz e a estabilidade em Xinjiang, e que esse fim justifica prestar atenção a certos visitantes que "poderiam" representar uma ameaça.

"O terrorismo e o extremismo pisam os direitos humanos básicos", disse um porta-voz do governo.

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