Trinta funcionários recebem durante 25 anos sem trabalharem um único dia
Não é caso raro em França, e mostra como as peculiaridades da lei podem gerar situações absurdas
Não é caso raro em França, e mostra como as peculiaridades da lei podem gerar situações absurdas
Jornalista
Trinta funcionários franceses que perderam o emprego quando o serviço em que trabalhavam foi privatizado continuaram a receber o ordenado durante 25 anos, custando ao Estado mais de um milhão de euros por ano. É a última história sobre os absurdos do sistema do funcionalismo francês a ser manchete, primeiro no país e depois a nível internacional.
A história diz respeito à cidade de Toulon, no sul do país, e apareceu primeiro no jornal local "Var-matin". Segundo uma auditoria oficial, os 30 funcionários ficaram sem trabalho quando o serviço de águas foi privatizado. Em princípio, deveriam ter sido colocados em novas funções. Mas uma disposição da lei explica por que motivo isso não aconteceu.
"A previsão orçamental do Centro de Gestão é apresentada todos os anos com um défice a fim de acionar uma provisão legal específica que permite o financiamento continuado da remuneração do staff", lê-no no relatório do auditor. Ou seja, o Centro de Gestão tinha todo o interesse em manter a situação como estava, por razões financeiras. Mas o relatório diz o óbvio: "É lamentável que a cidade não seja capaz de encontrar novos trabalhos para estes empregados, em especial os mais novos".
Num país onde os funcionários públicos são 20 por cento da população laboral e onde histórias de gente a receber durante anos sem trabalhar um único dia estão longe de ser raras, o caso dos 30 funcionários de Toulon é mais um a indignar a população.
Ainda por cima, sabendo que as pessoas em questão tencionam acumular "tempo de trabalho" até aos 67 anos para aumentar as suas pensões e que pelo menos um deles dirige uma empresa por fora.
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