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Sudão. Avanço das forças de segurança sobre local de protesto terá feito cinco mortos. Operação está em curso

Sudão. Avanço das forças de segurança sobre local de protesto terá feito cinco mortos. Operação está em curso
ASHRAF SHAZLY/AFP/Getty Images

“Os manifestantes diante do comando geral do Exército enfrentam um massacre numa tentativa traiçoeira de dispersar o protesto”, revelou o principal grupo de manifestantes. “Isto tem de parar agora”, exorta o embaixador britânico em Cartum. Na quinta-feira, o conselho militar de transição disse que o acampamento se tornara uma ameaça à segurança nacional

Sudão. Avanço das forças de segurança sobre local de protesto terá feito cinco mortos. Operação está em curso

Hélder Gomes

Jornalista

Pelo menos cinco pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no avanço das forças sudanesas sobre um local de protesto no centro da capital, Cartum. A informação foi divulgada na manhã desta segunda-feira por uma associação de médicos ligada aos manifestantes. A operação continua em curso.

“Os manifestantes diante do comando geral do Exército enfrentam um massacre numa tentativa traiçoeira de dispersar o protesto”, revelou o principal grupo de manifestantes num comunicado, citado pela agência de notícias Reuters. O grupo apela ao povo para ir em seu auxílio.

A Al Jazeera avança que as forças de segurança estão a queimar tendas dos manifestantes e a prendê-los.

A repressão acontece num contexto de impasse persistente nas conversações entre os manifestantes e o conselho militar de transição. Os militares, que assumiram o poder em abril depois de derrubarem o Presidente Omar al-Bashir após três décadas no cargo, dizem aceitar as exigências dos manifestantes de um governo não-militar mas insistem em liderar o país durante o período transitório.

“Não há desculpa para tal ataque”

O embaixador britânico em Cartum, Irfan Siddiq, mostrou-se “extremamente preocupado com a artilharia pesada” que ouviu “na última hora”, a partir da sua residência, e com os relatos de “vítimas” em resultado do avanço das forças de segurança. “Não há desculpa para tal ataque. Isto tem de parar agora”, escreveu no Twitter.

Na quinta-feira, o conselho militar disse que o acampamento de protesto na capital se tinha tornado uma ameaça à segurança nacional, ordenando ainda o encerramento das instalações da Al Jazeera em Cartum.

Numa declaração televisiva, um porta-voz dos militares anunciou que seria realizada uma ação legal contra o que apelidou de “elementos indisciplinados” no exterior do Ministério da Defesa, onde manifestantes se concentram há várias semanas. “O local de protesto tornou-se inseguro e representa um perigo para a revolução e para os revolucionários”, além de “ameaçar a coerência do Estado e a sua segurança nacional”, referiu o general Bahar Ahmed Bahar, chefe da região central em Cartum. Segundo o responsável, um veículo militar usado pelas forças de apoio rápido foi atacado e capturado nas imediações do acampamento.

O local transformou-se no ponto central do movimento de protesto, que, depois de ter contribuído para a deposição de Omar al-Bashir, reivindica a substituição dos generais no poder por uma administração liderada por civis.

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