Os Estados Unidos, o Reino Unido e a Noruega apelaram na terça-feira à noite aos militares no poder no Sudão, assim como aos manifestantes, para encontrarem rapidamente um acordo que resulte necessariamente na instauração de um Governo civil.
As negociações entre os líderes da contestação e os generais, que assumiram as rédeas do poder depois de terem afastado o chefe de Estado, Omar al-Bashir, no passado dia 11 de abril, não resultaram num acordo sobre a direção - civil ou militar - de um Conselho Soberano pensado para garantir a transição. "Apelamos às partes a que concluam rapidamente as negociações e cheguem a um acordo", declararam os três países num comunicado conjunto publicado na página do Facebook da embaixada norte-americana em Cartum.
"O Sudão precisa com toda a urgência de um acordo entre as partes que resolva este período de incerteza e de instabilidade", acrescentam os países signatários. "Qualquer solução que não passe pela formação de um Governo liderado por civis (...) não responderá à vontade claramente expressa pelo povo", preveniram os três países, que se autodenominam "troika".
O conselho militar no poder tem insistido em tomar a liderança e ocupar a maioria dos lugares num futuro organismo de transição, mas os manifestantes, mobilizados em permanência desde há mais de um mês em frente ao quartel-general das Forças Armadas sudanesas em Cartum, exigem que sejam os civis a assumir esse papel. Um Governo que não seja dominado por civis "tornará mais difícil a nossa cooperação com as novas autoridades e nosso apoio ao desenvolvimento económico do Sudão", avisou ainda a "troika".
Os líderes da contestação preparam desde esta terça-feira a organização de uma greve geral com o objetivo de pressionar o conselho militar.
O futuro conselho soberano deverá assegurar uma transição política de três anos até à realização das primeiras eleições pós Al-Bashir.
Washington tem reiterado o apelo no sentido da instauração de um regime civil desde o afastamento do antigo Presidente pelas forças armadas no passado dia 11 de abril, golpe que pôs termo a três décadas de poder de Omar al-Bashir.
Os Estados Unidos multiplicaram desde 1997 e ao longo de uma década sanções económicas contra Cartum, acusando o regime de al-Bashir de apoiar grupos extremistas islâmicos e de violar os direitos humanos. Em 2017, o embargo económico foi levantado.
O Sudão estava envolvido em discussões no sentido de ser retirado da lista negra dos "Estados apoiantes do terrorismo", na qual foi colocado em 1993, mas estas conversações foram suspensas na sequência dos desenvolvimentos dos últimos meses.
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