Primeiro foi Leopoldo López, líder da oposição ao regime de Nicolás Maduro que foi libertado por ordem de Juan Guaidó no arranque da “Operação Liberdade”. Agora são outros três deputados da oposição no Parlamento. Refugiaram-se em embaixadas estrangeiras em Caracas depois de terem perdido a sua imunidade parlamentar.
Dois dos deputados encontram-se na embaixada de Itália na capital venezuelana e o terceiro na embaixada argentina. À semelhança de outros sete deputados da oposição, foi-lhes retirada a imunidade parlamentar pela Assembleia Constituinte da Venezuela, composta, unicamente, por simpatizantes do regime, estando a ser investigados por “conspiração” e “traição à pátria”, entre outras acusações.
Tudo isto acontece depois de Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela com o apoio de vários países, ter posto em marcha o seu plano para tirar Nicolás Maduro do poder. Teve o apoio de alguns militares mas não em número suficiente para concretizar o seu objetivo. E a tentativa teve consequências para quem nela participou ou apoiou — Edgar Zambrano, o vice-presidente da Assembleia Nacional, onde a oposição está em maioria, foi detido na quarta-feira à noite e ainda não foi libertado, apesar dos apelos da União Europeia e dos EUA, e da condenação de vários países, incluindo os que compõem o Grupo de Lima e Portugal.
Num comunicado emitido na quinta-feira, o Gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, considera que a detenção de Zambrano inscreve-se “na estratégia de intimidação” desenvolvida contra a Assembleia Nacional da Venezuela, “no sentido de impedir o exercício dos seus poderes constitucionais e de perseguir os seus parlamentares, medidas que Portugal repudia energicamente”.
Já esta sexta-feira, Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, referiu-se à detenção como um “ataque à independência do poder legislativo democraticamente eleito no país”, à semelhança de todos os outros “ataques do regime para acabar com o livre debate na Venezuela”. Em comunicado, Pompeo sublinhou que a “detenção arbitrária” do vice-presidente da Assembleia Nacional é um “ato inaceitável e ilegal que reflete, uma vez mais, a repressão do regime de Maduro”.
Embaixada italiana em Caracas promete “proteção e hospitalidade”
Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano já tinha confirmado que a deputada da oposição Mariela Magallanes se encontrava na embaixada do país na Venezuela e tinha pedido cidadania italiana (o marido é oriundo de Itália). Ser-lhe-á dada “toda a proteção e hospitalidade”. Já a presença de Américo de Grazia no mesmo local foi confirmada esta sexta-feira, tendo o deputado agradecido à Itália através da rede social Twitter. Richard Blanco, por sua vez, disse ao jornal “El Nacional” ter procurado refúgio na embaixada da Argentina depois da detenção de Zambrano e acusou Maduro de “conduzir uma onda de perseguições”.
Os três acabam por seguir o exemplo de Leopoldo López, líder da oposição ao regime que se refugiou na embaixada espanhola em Caracas. Uma possível detenção por parte do regime torna-se assim impossível, o mesmo não sucedendo, contudo, no caso dos restantes sete deputados da Assembleia Nacional a quem foi retirada a imunidade parlamentar a pedido do Supremo Tribunal de Justiça. Juan Guaidó marcou novos protestos para este sábado.
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