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Procurador-geral adjunto dos Estados Unidos apresenta demissão a Trump

Procurador-geral adjunto dos Estados Unidos apresenta demissão a Trump
Chip Somodevilla/Getty

Rod Rosenstein enviou uma carta à Casa Branca em que explica a decisão, que terá efeitos práticos a partir de 11 de maio

O procurador geral adjunto dos Estados Unidos pediu a demissão nesta segunda-feira. Rod Rosenstein, que foi o responsável pela escolha de Robert Mueller para conduzir a investigação à alegada interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, enviou uma carta à Casa Branca a comunicar o abandono do cargo, decisão que produzirá efeitos a 11 de maio, de acordo com a CNN.

Na missiva, Rosenstein refere: "aplicamos a lei sem medo e sem favor porque as provas credíveis não são partidárias e a verdade não é determinada pelas sondagens de opinião".

“A nossa nação está mais segura, as nossas eleições estão mais seguras e os nossos cidadãos estão mais bem informados sobre os dissimulados esforços e esquemas para cometer fraudes, roubar propriedade intelectual e lançar ciberataques”, considerou Rosenstein na sua carta de demissão, sem fazer qualquer referência à investigação liderada por Mueller.

O último dia em funções, segundo a Bloomberg, deve ser a 11 de maio.

Rod Rosenstein foi o homem que ainda há uns dias esteve ao lado de William Barr, procurador-geral, na conferência de imprensa após a divulgação do relatório da investigação à alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 ter sido disponibilizada aos congressistas e ter sido tornada pública (ou pelo menos parte dela).

Rosenstein acompanhou a investigação, e nomeou o próprio Robert Mueller como investigador especial, porque o antigo procurador geral Jeff Sessions (entretanto afastado pelo presidente) se tinha recusado a ser parte da investigação que procurou saber se, durante a campanha, algum membro da equipa de Donald Trump manteve contactos com russos próximos do Kremlin de forma a influenciar as eleições ou a perceção pública de cada candidato. Sessions é conhecido por ser um dos homens mais próximos de Trump e por isso optou por não se envolver na investigação - coisa que enfureceu o presidente.

Mas o desejo de saída do cargo não parece ser novo. Já em janeiro deste ano, Rosenstein anunciava que dentro de algumas semanas sairía da Procuradoria na sequência da saída de Sessions e da entrada do atual procurador William Barr.

Também em setembro do ano passado Rosenstein pôs o lugar à disposição, após o jornal “The New York Times” ter publicado um texto segundo o qual Rosenstein defendia a ativação da emenda 25, ou seja, a emenda que prevê a substituição de um Presidente quando este não reúne as capacidades necessárias para exercer o cargo. O então vice-procurador-geral ter-se-á oferecido para usar um microfone escondido para reunir provas do comportamento errático de Trump, após o despedimento abrupto do então diretor do FBI James Comey.

Na altura, Rosenstein foi chamado à Casa Branca e manteve-se em funções. Trump disse aos jornalistas que Rosenstein negara a notícia.

Rosenstein foi escolhido por Trump como o número dois do Departamento de Justiça em 2017. Anteriormente, esteve 12 anos ao serviço como procurador do estado do Maryland, passando pelas administrações de George W. Bush e Barack Obama. Entrou no Departamento de Justiça em 1990 e, refere a Bloomberg, era conhecido pela não associação política e por ter ajudado a estruturar as prioridades daquele departamento.

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