As autoridades do Sri Lanka foram alertadas duas semanas antes dos ataques terroristas do domingo de Páscoa, adiantou esta segunda-feira o porta-voz do Governo do país, acrescentando que os nomes de alguns dos suspeitos foram fornecidos no início do mês.
“Catorze dias antes dos incidentes ocorrerem fomos informados sobre eles”, disse Rajitha Senaratne numa conferência de imprensa em Colombo, sublinhando, no entanto, que o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, e seu gabinete não estavam a par das advertências.
A declaração foi recebida com várias críticas, inclusivamente no interior do Governo, por levantar dúvidas quanto ao funcionamento dos serviços secretos.
“Alguns oficiais dos serviços de informação estavam conscientes desta incidência. Portanto, houve um atraso na ação. É preciso tomar medidas sérias, assim como saber porque foram estes avisos ignorados”, escreveu no Twitter o ministro das Telecomunicações, Harin Fernando, fazendo acompanhar a publicação com uma foto de uma das páginas do documento dos serviços secretos.
Um dia depois dos atentados que mataram 290 pessoas e feriram pelo menos 500, Senaratne, atual ministro da Saúde, referiu-se também o memorando, referindo que os alertas para os atentados os atribuiam à ação do National Thowheeth Jama'ath - um grupo recém-formado no Sri Lanka, forte defensor do movimento jihadista global.
Segundo avançou Senaratne, os investigadores acreditam que todos os envolvidos nos ataques são cidadãos do Sri Lanka, embora não descartem que estes possam ter recebido assistência internacional. Até ao momento foram detidos 24 suspeitos, confirmou o porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekara.
Ação policial levou também à apreensão de uma carrinha, que terá sido usada para transportar os atacantes até Colombo, bem como à realização de buscas numa casa que estes terão ocupado.
13 crianças entre as vítimas mortais
No terreno, a Unicef fez esta segunda-feira um ponto da situação humanitária. A organização refere que dezenas de crianças morreram ou ficaram feridas. Não são dados definitivos, mas o balanço oficial refere que em Batticaloa, 13 crianças perderam a vida, a mais jovem com apenas 18 meses de idade, enquanto 15 crianças e adolescentes ficaram feridas.
“Pelo menos três das crianças que foram mortas eram cidadãos estrangeiros”, diz a Unicef, que sublinha estarem ainda a ser apuradas informações sobre crianças afetadas noutras cidades. “Existem relatos de muitas crianças separadas das suas famílias”, pode ler-se, sendo que algumas delas “perderam um ou ambos os pais”.
Oficialmente, nenhum grupo ainda assumiu a responsabilidade pelas oito explosões coordenadas que este domingo surpreenderam a capital do Sri Lanka, Colombo, e as cidades de Negombo e Batticaloa, em diferentes igrejas e hotéis.
No rescaldo dos atentados, o governo do Sri Lanka declarou o dia 23 de abril como dia nacional de luto.
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