A congressista muçulmana Ilhan Omar denunciou este domingo que está a ser alvo de várias ameaças de morte, depois do vídeo com imagens do 11 de Setembro partilhado pelo Presidente norte-americano no Twitter com excertos de um discurso que fez em março.
“Desde a publicação do tweet do Presidente na sexta-feira, tenho recebido crescentes ameaças de morte — várias com referências diretas ou respondendo ao vídeo do Presidente”, afirmou Ilhan Omar.
A congressista muçulmana eleita pelo estado do Minnesota dirigiu ainda uma palavra de agradecimento às autoridades, que garantem o reforço da segurança. “Quero agradecer à polícia do Capitólio, ao FBI e à presidente da Câmara dos Representantes [a democrata Nancy Pelosi] face à atenção dada a estas ameaças”, acrescentou.
Acusando Donald Trump de incitar ao ódio e à violência da extrema direita, Ilhan Omar defendeu que não se podem ignorar as consequências destas visões extremistas que se podem repercutir nos EUA e no mundo.
“Crimes violentos e outros atos de ódio por membros da extrema direita e nacionalistas brancos estão em crescimento neste país e no mundo. Não podemos esquecer que estão a ser estimulados pelo ocupante do cargo mais importante deste país. Somos todos americanos. Isto está a colocar as nossas vidas em risco, mas tem que parar,” rematou.
Casa Branca nega acusações
Entretanto, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, já reagiu às acusações de Ilhan Omar, negando que o Presidente norte-americano tivesse tentado incitar à violência. A responsável assegurou ainda que as autoridades estão a garantir a segurança da congressista de origem somali.
Nancy Pelosi repudiou no sábado as declarações do Presidente dos EUA, defendendo no Twitter que “a memória do 11/9 é chão sagrado, sendo que qualquer discussão sobre o atentado deve ser feita com reverência.” “O Presidente não deve recorrer às imagens dolorosas para um ataque político”, afirmou.
Na sexta-feira, Trump divulgou um vídeo no Twitter com imagens do 11 de Setembro com excertos de um discurso de Ilhan Omar no mês passado, no âmbito de um evento de um grupo de defesa dos direitos civis dos muçulmanos. “Nunca vamos esquecer”, escreveu o Presidente norte-americano.
Na altura, a congressista confessou que tal como outros muçulmanos está cansada de viver enquanto cidadã de “segunda-classe” nos Estados Unidos, sublinhando que apenas “algumas pessoas” realizaram o ataque às torres gémeas e que as restantes não podem perder o direito às “liberdades civis” em nome disso.
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