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Comissário para a privacidade da Nova Zelândia arrasa o Facebook: “São mentirosos patológicos moralmente falidos”

Comissário para a privacidade da Nova Zelândia arrasa o Facebook: “São mentirosos patológicos moralmente falidos”
SOPA Images/GETTY

John Edwards reitera as críticas ao silêncio da empresa fundada por Mark Zuckerberg, por não divulgar quantos homicídios, suicídios e agressões sexuais foram publicados na rede social

Comissário para a privacidade da Nova Zelândia arrasa o Facebook: “São mentirosos patológicos moralmente falidos”

Liliana Coelho

Jornalista

O comissário para a privacidade na Nova Zelândia, John Edwards, voltou a arrasar o Facebook, lamentando a ausência de respostas por parte da plataforma após o ataque a duas mesquitas em Christchurch.

Segundo o responsável, esta empresa é constituída por “mentirosos patológicos moralmente falidos”, que ignoram as consequências dos conteúdos divulgados na rede social, depois de Mark Zuckerberg ter considerado que a culpa nestes casos não é da tecnologia, mas dos utilizadores das redes sociais.

“Eles permitem a transmissão de vídeos em direto de suicídios, violações e homicídios, continuam a publicar vídeos de ataques e mensagens de ódio contra judeus e outros segmentos, recusando aceitar qualquer responsabilidade por qualquer conteúdo ou ameaça”, escreveu John Edwards no Twitter. “Não se pode confiar no Facebook”, insistiu.

Entretanto, o comissário para a privacidade na Nova Zelândia, em entrevista à Radio New Zealand, reiterou também as críticas ao silêncio da empresa fundada por Mark Zuckerberg, por não divulgar quantos homicídios, suicídios e agressões sexuais foram publicados na rede social.

John Edwards já tinha tecido duras críticas ao Facebook, sublinhando a “fúria” e a “frustração” que a população do país sente em relação à forma como a plataforma permitiu a divulgação do vídeo do massacre que causou 50 mortos e 48 feridos. “O vosso silêncio [do Facebook] é um insulto ao nosso luto”, declarou o responsável no final de março.

Na semana passada, a responsável pelas operações da empresa, Sheryl Sandberg, deu razão ao principal argumento apontado pela opinião pública de “que é preciso fazer mais” a este nível.

Sheryl Sandberg garantiu que o Facebook já está a avaliar medidas para limitar a transmissão de vídeos em direto na rede social, fazendo-as depender de regras sobre as violações dos estatutos da comunidade.

Ainda de acordo com a responsável pelas operações do Facebook, será necessário avaliar todas as medidas possíveis para bloquear conteúdos que incitam ao “elogio, apoio ou representação de nacionalismo branco e separatismo”

Também Mark Zuckerberg defendeu, num artigo publicado no “Washington Post”, que é vital a criação de regras para todas as redes sociais que sejam fiscalizadas por entidades externas com vista a travar a divulgação de “conteúdos nocivos”.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou esta segunda-feira que a Comissão Especial que irá investigar o ataque em Christchurch vai começar os trabalhos já no próximo dia 13 de maio. O objetivo é apurar a responsabilidade do principal suspeito, dos seus eventuais cúmplices e das redes sociais, assim como aquilo que falhou por parte das autoridades, nomeadamente da secção antiterrorismo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lpcoelho@expresso.impresa.pt

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