Um grupo de pessoas armadas cercou esta terça-feira a Assembleia Nacional da Venezuela na capital, Caracas, e militares favoráveis ao regime de Nicolás Maduro atiraram artefactos explosivos sobre o carro em que seguia o autoproclamado Presidente interino do país, Juan Guaidó. A informação foi avançada pelo jornal “El Nacional” e outros media venezuelanos e, apesar do que poderiam fazer supor as imagens do estado em que o veículo ficou, Guaidó escapou ileso.
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) relatou, por seu lado, que os jornalistas de pelo menos dez órgãos nacionais e internacionais foram impedidos de deixar o edifício do Parlamento, tendo conseguido sair apenas mais de uma hora depois. Segundo o SNTP, um grupo atacou um carro das equipas de reportagens e um dos veículos terá sido roubado.
De acordo com vários relatos, o grupo que atacou o carro em que seguia Guaidó e os veículos da imprensa faz parte dos “coletivos”, motociclistas armados afetos ao regime de Maduro.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já condenou o ataque, escrevendo no Twitter que “Maduro e os seus coletivos só conhecem a intimidação”. “Mas a democracia não pode ser intimidada”, acrescentou.
“Parece que eles não confiam nos seus militares”
Momentos antes do ataque, o Presidente interino, que preside à Assembleia, afirmou que a chegada de militares russos à Venezuela viola a Constituição. Dois aviões da Força Aérea da Rússia desembarcaram no sábado no principal aeroporto da Venezuela com um responsável russo da defesa e 99 soldados a bordo de um deles. “Parece que eles [o regime de Maduro] não confiam nos seus militares”, ironizou Guaidó numa intervenção perante os deputados. A lei venezuelana prevê que seja o Parlamento a autorizar missões militares estrangeiras no país.
O ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, sublinhou na terça-feira que “o apoio da Rússia à Venezuela se baseia na verdade, senso comum e respeito pelo direito internacional”.
“Eles não trouxeram geradores elétricos naqueles aviões, não trouxeram técnicos. Não. Trouxeram soldados estrangeiros para solo nacional”, criticou Guaidó, citado pela agência de notícias France-Presse.
“Brasil torce e tem certeza de solução pacífica e rápida”
No início da semana, a região de Caracas, capital da Venezuela, e pelo menos 14 dos 23 estados do país ficaram de novo às escuras devido a um apagão que afetou também as comunicações telefónicas e o serviço de Internet. O Governo atribui as falhas a atos de sabotagem de opositores apoiados pelo EUA, enquanto a oposição acusa o regime de não fazer os investimentos necessários no setor e denuncia há vários anos falhas na manutenção.
Entretanto, o ministro brasileiro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, rejeitou esta terça-feira uma possível intervenção militar de Brasília na Venezuela, um cenário que na semana passada não tinha sido descartado pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. “Não estamos verificando esta hipótese. O Brasil torce e tem certeza de uma solução pacífica e rápida em relação à Venezuela”, afirmou o ministro, citado pelo jornal “O Globo”, antes de entrar para uma reunião com o secretário da Defesa em exercício dos EUA, Patrick Shanahan.
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