Internacional

Venezuela. Grupo armado afeto ao regime de Maduro atacou viatura em que seguia Guaidó

Juan Guaidó na Assembleia Nacional, momentos antes do ataque
Juan Guaidó na Assembleia Nacional, momentos antes do ataque
FEDERICO PARRA/AFP/Getty Images

O Presidente interino escapou ileso do ataque, que já foi condenado pelo secretário de Estado norte-americano. Momentos antes, Juan Guaidó, que preside à Assembleia Nacional, afirmou que a chegada no sábado de militares russos ao país viola a Constituição. Entretanto, o ministro brasileiro da Defesa rejeitou uma intervenção militar na Venezuela

Venezuela. Grupo armado afeto ao regime de Maduro atacou viatura em que seguia Guaidó

Hélder Gomes

Jornalista

Um grupo de pessoas armadas cercou esta terça-feira a Assembleia Nacional da Venezuela na capital, Caracas, e militares favoráveis ao regime de Nicolás Maduro atiraram artefactos explosivos sobre o carro em que seguia o autoproclamado Presidente interino do país, Juan Guaidó. A informação foi avançada pelo jornal “El Nacional” e outros media venezuelanos e, apesar do que poderiam fazer supor as imagens do estado em que o veículo ficou, Guaidó escapou ileso.

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) relatou, por seu lado, que os jornalistas de pelo menos dez órgãos nacionais e internacionais foram impedidos de deixar o edifício do Parlamento, tendo conseguido sair apenas mais de uma hora depois. Segundo o SNTP, um grupo atacou um carro das equipas de reportagens e um dos veículos terá sido roubado.

De acordo com vários relatos, o grupo que atacou o carro em que seguia Guaidó e os veículos da imprensa faz parte dos “coletivos”, motociclistas armados afetos ao regime de Maduro.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já condenou o ataque, escrevendo no Twitter que “Maduro e os seus coletivos só conhecem a intimidação”. “Mas a democracia não pode ser intimidada”, acrescentou.

“Parece que eles não confiam nos seus militares”

Momentos antes do ataque, o Presidente interino, que preside à Assembleia, afirmou que a chegada de militares russos à Venezuela viola a Constituição. Dois aviões da Força Aérea da Rússia desembarcaram no sábado no principal aeroporto da Venezuela com um responsável russo da defesa e 99 soldados a bordo de um deles. “Parece que eles [o regime de Maduro] não confiam nos seus militares”, ironizou Guaidó numa intervenção perante os deputados. A lei venezuelana prevê que seja o Parlamento a autorizar missões militares estrangeiras no país.

O ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, sublinhou na terça-feira que “o apoio da Rússia à Venezuela se baseia na verdade, senso comum e respeito pelo direito internacional”.

“Eles não trouxeram geradores elétricos naqueles aviões, não trouxeram técnicos. Não. Trouxeram soldados estrangeiros para solo nacional”, criticou Guaidó, citado pela agência de notícias France-Presse.

“Brasil torce e tem certeza de solução pacífica e rápida”

No início da semana, a região de Caracas, capital da Venezuela, e pelo menos 14 dos 23 estados do país ficaram de novo às escuras devido a um apagão que afetou também as comunicações telefónicas e o serviço de Internet. O Governo atribui as falhas a atos de sabotagem de opositores apoiados pelo EUA, enquanto a oposição acusa o regime de não fazer os investimentos necessários no setor e denuncia há vários anos falhas na manutenção.

Entretanto, o ministro brasileiro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, rejeitou esta terça-feira uma possível intervenção militar de Brasília na Venezuela, um cenário que na semana passada não tinha sido descartado pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. “Não estamos verificando esta hipótese. O Brasil torce e tem certeza de uma solução pacífica e rápida em relação à Venezuela”, afirmou o ministro, citado pelo jornal “O Globo”, antes de entrar para uma reunião com o secretário da Defesa em exercício dos EUA, Patrick Shanahan.

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