Dois aviões da Força Aérea russa desembarcaram no sábado no principal aeroporto da Venezuela com um responsável da defesa da Rússia e quase 100 soldados a bordo de um deles.
O site de monitorização de voos Flightradar24.com mostra que um avião de passageiros Ilyushin IL-62 e um avião de carga militar Antonov An-124 Ruslan partiram na sexta-feira do aeroporto militar russo Chkalovsky, nos arredores de Moscovo, em direção a Caracas, tendo parado na Síria durante o trajeto. Segundo o site ADS-B Exchange, um avião de carga deixou a capital venezuelana no domingo à tarde.
Os voos transportaram funcionários para fazer consultas, revelou a agência de notícias estatal Sputnik, que cita uma fonte anónima da embaixada russa. “A Rússia tem vários contratos que estão a terminar, contratos de caráter técnico militar”, precisou a fonte.
Objetivo: mostrar apoio de Putin a Maduro
O jornalista venezuelano Javier Mayorca escreveu no Twitter no sábado que o primeiro avião transportava o major-general Vasily Tonkoshkurov, chefe do comando principal das forças terrestres da Rússia, e 99 militares, enquanto a segunda aeronave carregava 35 toneladas de material.
Mayorca sugeriu, citado pelo jornal online NoticieroDigital.com, que a presença na Venezuela de Tonkoshkurov e dos militares tem como objetivo demonstrar o apoio do Presidente russo, Vladimir Putin, ao seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro.
O jornalista publicou no YouTube um vídeo da chegada do cargueiro russo.
Os governos da Venezuela e da Rússia não responderam aos pedidos de comentário da agência Reuters.
Exercícios militares e sanções
A chegada dos aviões acontece três meses depois de os dois países terem realizado exercícios militares em solo venezuelano no que Maduro disse tratar-se de um sinal de fortalecimento das relações e que Washington classificou como ingerência russa na região.
A administração Trump aplicou sanções à indústria petrolífera da Venezuela para tirar Maduro do poder e pediu aos líderes militares que o abandonem. O Presidente venezuelano denunciou as sanções como intervencionismo dos EUA e conseguiu o apoio diplomático da Rússia e da China.
Em dezembro, dois bombardeiros estratégicos russos, capazes de transportar armas nucleares, desembarcaram na Venezuela numa demonstração de apoio a Maduro que enfureceu Washington.
A crise da ajuda humanitária
Na quarta-feira, o Presidente venezuelano anunciou que Moscovo enviaria medicamentos para a Venezuela “na próxima semana”, sem especificar de que forma chegariam mas acrescentando que a Rússia enviou em fevereiro cerca de 300 toneladas de ajuda humanitária.
Ainda no mês passado, as autoridades venezuelanas bloquearam a entrada de ajuda humanitária coordenada pela equipa do autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, que incluía suprimentos fornecidos pelos EUA.
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