Internacional

Compostagem humana em vias de ser autorizada nos EUA

Compostagem humana em vias de ser autorizada nos EUA
Jie Zhao/GETTY

É a alternativa ecológica (e barata) para funerais: transformar os restos humanos em fertilizante orgânico composto

Luís M. Faria

Jornalista

A compostagem é aquele processo pelo qual materiais orgânicos são decompostos e transformados em fertilizante para o solo. Em teoria, nada impede a utilização de cadáveres humanos nesse processo. No fundo, é o que a natureza sempre fez com os animais e plantas, e corresponde ao ciclo normal da vida. Mas enterrar restos humanos num jardim, por exemplo, é difícil de aceitar para muita gente. Além de em princípio ser ilegal, pois só pode ser lugar de sepultura aquilo que é oficialmente designado como tal.

Nada que um ambientalista com iniciativa não possa resolver. Uma lei agora em discussão no estado norte-americano de Washington autoriza a "recomposição" - isto é, a recompostagem - de cadáveres humanos. Apoiada pelo senador Jamie Pedersen, parece ter boas probabilidades de ser aprovada. Os argumentos a seu favor não são apenas ecológicos mas também económicos, dado que o processo de "recomposição" ficará substancialmente mais barato que um funeral normal.

A lei proposta tem por base um estudo pioneiro realizado na Universidade de Washington que desenvolveu uma forma de aplicar o processo em questão. Basicamente, trata-se de misturar os corpos com material vegetal num compartimento a temperatura controlada, fornecendo oxigénio de vez em quando para acelerar a atividade microbial. Ao fim de algumas semanas, o composto está pronto a ser usado.

A ideia nasceu quando uma designer de Seattle tomou conhecimento de que gado podia ser usado em compostagem. Daí a imaginar que esse processo podia ser usado em seres humanos que quisessem "devolver" à natureza o que ela lhes deu ou simplesmente ser enterrados na solo do seu próprio jardim, foi um passo.

Uma das investigadoras envolvidas no estudo, Lynne Carpenter Boogs, disse: "A vantagem que vejo como cientista do solo e cientista ambiental é que (o processo) faz uma utilização relativamente baixo de recursos e também cria este produto parecido com o solo que ajuda a armazenar carbono".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate