Caso Marielle Franco: “Estas prisões são um passo. Precisamos saber quem mandou matar e porquê”

Renata de Souza acordou com o telemóvel a tocar e ao som de notificações de mensagem. A primeira mensagem que leu revelou-lhe os nomes dos suspeitos do assassinato da sua amiga de infância, ativista, vereadora, companheira de luta, Marielle Franco que foi assassinada a 14 de Março de 2018. O polícia reformado Ronnie Lessa e o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz foram presos por volta das quatro da manhã locais. Não ofereceram resistência.

“Estas prisões são um passo mas isso não evita a pergunta que tem que ser respondida por esta investigação, que é o que a gente precisa saber, e está pressionando para saber. A gente precisa muito saber quem mandou matar e porquê,” Renata foi eleita deputada estadual pelo Rio de Janeiro, após ter trabalhado durante muitos anos como chefe de gabinete de Marielle. “Foi uma operação muito bem articulada, logo depois do Carnaval, numa altura em que faz um ano da morte da Marielle. A gente sempre espera mais respostas, estamos há um ano à espera de respostas. É um passo importante mas não conclusivo. Precisamos saber quem foi e o porque desse crime bárbaro.”

Ambos os executores foram detidos ao sair de casa. Ronnie Lessa foi detido num condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, um bairro do Rio de Janeiro, o mesmo condomínio onde mora o presidente Jair Bolsonaro.

“Um dos detidos morar no mesmo condomínio que Bolsonaro pode ser uma péssima coincidência. Nós ainda não ouvimos o Presidente da República se pronunciar sobre a Marielle, espero que agora ele se pronuncie já que um dos seus vizinhos é um dos executores,” disse Renata. “A gente já tem uma pessoa que pode estar envolvida com o ‘Escritório do Crime’, que foi condecorado pelo filho de Bolsonaro e a família dele assessorava o filho do Bolsonaro.”

Na próxima quinta-feira será assinalado um ano do assassinato de Marielle Franco. As perguntas persistem. No Rio de Janeiro, eventos por toda a cidade vão celebrar a vida da vereadora e ativista com arte, música, uma aula magna e um ato político que ecoa o que se ouviu um pouco por todo o lado durante o Carnaval: “Marielle Presente”.