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Vaticano “não se opõe” à exumação de Francisco Franco

Vaticano “não se opõe” à exumação de Francisco Franco
Anadolu Agency/Getty

Sepultado no Vale dos Caídos, o antigo ditador irá para um lugar ainda não conhecido. A escolha alternativa da família - a catedral de Almudena, em Madrid - é recusada pelo governo

Luís M. Faria

Jornalista

O Vaticano fez saber oficialmente que não se opõe à exumação do general Francisco Franco, o ditador espanhol falecido em 1975. Franco encontra-se sepultado no Vale dos Caídos, um monumental santuário próximo de Madrid dedicado às vítimas da guerra civil, e uma das promessas de Pedro Sanchez era retirá-lo do local.

Os sete netos do ditador não concordam e têm feito campanha contra essa decisão a partir da Fundação Francisco Franco. Parte da igreja espanhola apoia a família e o abade Santiago Cantera, líder da comunidade benedita que existe no local, tem feito o que pode para impedir a exumação.

Há meses, a vice-presidente do governo espanhol, Carmen Calvo, foi ao Vaticano e reuniu-se com o secretário de Estado [equivalente a primeiro-ministro, i.e.o segundo na hierarquia logo abaixo do Papa] Pietro Parolin. Ficou satisfeita com o que escutou e não demorou a fazê-lo saber publicamente. Agora, chegou a confirmação oficial, por via de uma carta enviada a Calvo.

"Desejo reiterar o que assinalei a Vossa Excelência durante a nossa reunião no Vaticano em 29 de outubro passado, quer dizer, que a Igreja não se opõe à exumação dos restos mortais do general Franco, se a autoridade competente assim o dispõe", escreve Parolin. "À comunidade beneditina de Santa Cruz do Valle dos Caídos foi recordado e continuará a recordar-se o seu dever cívico de observar plenamente o ordenamento e respeitar as atoridades civis".

A exumação de Franco foi aprovada no parlamento espanhol em setembro passado, sem votos contra. A 15 de fevereiro, o conselho de ministros emitiu a ordem definitiva para a família designar um local alternativo para sepultar o ditador. Os netos escolheram a majestosa catedral de Almudena, no centro de Madrid, onde a família Franco tem uma cripta. Mas o governo não aceita essa escolha.

Além do receio de que se torne um lugar de peregrinação, o governo alega riscos de segurança e os possíveis efeitos sobre a mobilidade local. Caso a família não indique um sítio que respeite os critérios enunciados pelo governo, caberá a este fazer a escolha definitiva. Isto se entretanto o Supremo Tribunal, para o qual a família anunciou que iria recorrer, não decidir outra coisa.

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