O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe chega esta quinta-feira a Pequim num contexto de degelo das relações entre a China e o Japão. A preocupação de ambos os países com a política comercial protecionista do Presidente dos EUA, Donald Trump, ajudou a preparar o caminho para a cimeira de Abe com o líder chinês Xi Jinping.
A primeira visita oficial de um líder japonês à China em sete anos colocará as relações bilaterais numa “nova trajetória” numa altura em que os dois países assinalam o 40.º aniversário de um tratado de paz e amizade, revelaram autoridades de Tóquio, citadas pelo jornal inglês “The Guardian”. Quando se encontrarem na sexta-feira, Abe e Xi deverão esquecer as disputas históricas e territoriais e concentrar-se numa cooperação económica mais próxima.
As relações entre as duas maiores economias da Ásia deterioraram-se em 2012, quando o Governo japonês “nacionalizou” um grupo de ilhas no Mar da China Oriental, conhecido como Senkaku no Japão e como Diaoyu na China. A medida provocou protestos em várias cidades chinesas, obrigando empresas japonesas a fechar temporariamente as suas instalações.
Abe deverá ser cauteloso na aproximação à China para não provocar Trump
Neste momento, com uma economia afetada pela guerra comercial com os EUA, a China pretende atrair mais investimentos do Japão. Por seu lado, Tóquio tenta evitar qualquer dano à sua economia, baseada nas exportações, que possa resultar de uma desaceleração prolongada da economia da China, o seu maior parceiro comercial.
Contudo, Abe, que estará acompanhado por 500 empresários na visita de três dias, deve assegurar que o degelo económico com a China não provoca Trump, que também impôs tarifas sobre o aço e o alumínio japoneses e ameaçou fazer o mesmo com carros e peças automóveis.
Os líderes também deverão concordar numa série de medidas mais modestas com um significado simbólico, incluindo o reinício de visitas navais recíprocas e o possível empréstimo de pandas a jardins zoológicos japoneses. Segundo os media nipónicos, Abe também deverá pedir a Xi que suspenda a proibição da importação de alimentos de Fukushima, que a China introduziu após o desastre nuclear de 2011.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt