Internacional

Navio de guerra chinês abordou de forma “perigosa” embarcação da Marinha dos EUA no Mar do Sul da China

A acusação é feita pelo Pentágono, enquanto o Ministério chinês da Defesa lembra que Pequim tem soberania indiscutível sobre todas as ilhas da área e águas adjacentes. A tutela acusa os EUA de ameaçarem a segurança chinesa e minarem as relações bilaterais. As relações entre os dois países encontram-se já num nível muito crítico

Navio de guerra chinês abordou de forma “perigosa” embarcação da Marinha dos EUA no Mar do Sul da China

Hélder Gomes

Jornalista

Autoridades militares dos EUA disseram esta segunda-feira que um navio de guerra chinês abordou de forma “perigosa” uma embarcação da Marinha norte-americana quando esta navegava no Mar do Sul da China. Um contratorpedeiro de mísseis teleguiados aproximou-se, no domingo, de pelo menos dois postos avançados chineses na disputada área das Ilhas Spratly.

O contratorpedeiro USS Decatur navegou a 12 milhas náuticas dos recifes de Gaven e Johnson, durante uma patrulha de dez horas, segundo as autoridades americanas. Na segunda-feira, o Pentágono anunciou que um contratorpedeiro chinês se aproximou do Decatur numa “manobra perigosa e não profissional” quando o navio de guerra dos EUA navegava perto do recife de Gaven.

O porta-voz do Ministério chinês da Defesa disse, em comunicado divulgado esta terça-feira, que um navio da Marinha do país identificou o Decatur e advertiu-o para abandonar a área. O responsável sublinhou que Pequim tem soberania indiscutível sobre todas as ilhas do Mar do Sul da China e águas adjacentes, acusando os EUA de ameaçarem a segurança chinesa e minarem as relações bilaterais ao enviarem repetidamente navios de guerra para as águas em redor das ilhas e recifes naquela área.

Escalada de tensões no comércio e nas frentes militar e diplomática

Este é apenas o mais recente episódio da disputa entre os dois países em várias frentes. No domingo, os EUA anunciaram que as negociações de segurança entre o secretário norte-americano da Defesa, Jim Mattis, e o seu homólogo chinês foram canceladas devido à escalada de tensões, relacionadas com a crescente disputa comercial e as diferenças em relação ao programa nuclear da Coreia do Norte.

Na semana passada, o Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou a China de tentar interferir nas eleições para o Congresso, marcadas para 6 de novembro. As alegações constituíram uma surpresa durante uma reunião formal do Conselho de Segurança da ONU, que Trump presidiu pela primeira vez e que deveria concentrar-se na proliferação de armas nucleares, químicas e biológicas.

Dias antes, o Departamento de Estado norte-americano anunciava que os EUA tinham imposto sanções às Forças Armadas chinesas pela compra de jatos militares russos e mísseis terra-ar, esclarecendo que tais aquisições violam as sanções impostas por Washington a Moscovo, na sequência da anexação russa da Crimeia, em 2014, e da alegada interferência do Kremlin nas eleições americanas de 2016.

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