Internacional

O que dirá o acordo que pode sair da cimeira Kim-Trump? (porque até para o novo normal é preciso uma declaração conjunta)

O que dirá o acordo que pode sair da cimeira Kim-Trump? (porque até para o novo normal é preciso uma declaração conjunta)
SAUL LOEB

Desnuclearização da península coreana, garantias de segurança à Coreia do Norte e próximos passos a dar por ambas as partes são as três secções em que deverá estar dividida a declaração conjunta do líder norte-coreano e do Presidente dos EUA. Mesmo com acordo, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo lembra que este será apenas o arranque de um processo moroso e arriscado. Um passo bastante significativo, ainda assim

O que dirá o acordo que pode sair da cimeira Kim-Trump? (porque até para o novo normal é preciso uma declaração conjunta)

Hélder Gomes

Jornalista

Antes do histórico aperto de mão desta terça-feira entre o Presidente dos EUA e o líder da Coreia do Norte, em Singapura, houve algum trabalho de bastidores para afinar a linguagem a usar num comunicado conjunto no final da cimeira. As negociações entre diplomatas próximos dos chefes de Estado não avançaram muito, revelam fontes próximas do encontro. Mas tanto Donald Trump como Kim Jong-un já habituaram o mundo à imprevisibilidade das suas decisões.

Numa cimeira que foi sendo preparada (impreparada, até) debaixo dos olhos de todos, até espanta a intensidade destas conversações de última hora. Normalmente, só se avança para uma cimeira quando se tem a certeza de que será bem-sucedida e de que as partes concordam com a totalidade (ou quase) do acordo a lavrar em ata. Kim e Trump estão, contudo, apostados em impor um novo normal, só que também aí é preciso assinar uma declaração conjunta.

O que poderá ser assinado?

No caso de resultar forte, vinculativo e detalhado, o texto servirá de roteiro para negociações futuras entre as partes. De acordo com uma fonte ligada ao processo, o comunicado conjunto deverá ter três secções: uma relativa à desnuclearização da península coreana, outra com as garantias de segurança à Coreia do Norte e, por fim, uma terceira que elencará os passos que ambos os países deverão dar.

Entre os responsáveis reunidos para negociar os termos da declaração pontificava Sung Kim, um diplomata americano nascido na Coreia do Sul que é atualmente o embaixador dos EUA nas Filipinas. Simbolicamente, o experimentado negociador e um pequeno grupo de diplomatas reuniram-se em Panmunjom, a aldeia da trégua de abril último entre as duas Coreias.

Tão amigos que eles não eram

Mesmo que o encontro seja bem-sucedido, será, segundo o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, apenas o arranque de um processo moroso e arriscado. Um passo bastante significativo, ainda assim, se considerarmos que há apenas alguns meses Kim e Trump trocavam insultos e ameaças e comparavam a dimensão dos respetivos arsenais nucleares.

No ano passado, o líder norte-coreano anunciava que Pyongyang havia conduzido os mais poderosos testes nucleares e desenvolvido mísseis capazes de atingir cidades americanas. Em resposta, o Presidente dos EUA ameaçava soltar “fogo e fúria como o mundo nunca tinha visto”, não lhe restando “outra opção senão destruir totalmente a Coreia do Norte”.

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