O governo chinês garantiu esta sexta-feira que não quer envolver-se numa guerra comercial com os Estados Unidos, mas sublinhou que "não tem medo" disso, ao anunciar a sua primeira resposta a um pacote de taxas aduaneiras que a administração de Donald Trump vai aplicar sobre produtos importados da China, de até 60 mil milhões de dólares anuais.
O pacote de impostos sobre importações chinesas vem pôr em prática uma das promessas de campanha de Trump, que acusa desde sempre Pequim de concorrência desleal e de alegado roubo de propriedade intelectual a empresas norte-americanas.
Reagindo às tarifas na quinta-feira anunciadas pela administração Trump, Pequim acusou os EUA de estarem a "abrir um muito mau precendente" com impostas que "não são favoráveis aos interesses globais". Em comunicado, o Ministério do Comércio do governo de Xi Jinping sublinhou a "confiança" nas "capacidades [dos chineses] de enfrentarem qualquer desafio" desta natureza.
"A China não vai ficar sentada de braços cruzados sem fazer nada para proteger os seus direitos e interesses legítimos", sublinhou o Ministério, garantindo estar "totalmente preparado" para defender esses interesses – a começar com a aplicação de tarifas de 3 mil milhões de dólares sobre produtos importados dos EUA, em resposta às taxas sobre as importações de aço e alumínio anunciadas pela administração Trump no início de março e que entram em vigor esta semana.
No mesmo comunicado, o governo de Xi disse que, apesar de tudo, guarda a esperança de que a administração Trump não destrua as relações bilaterais económicas e comerciais com mais medidas como estas.
A senda protecionista de Trump e os receios de uma iminente guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo têm gerado nervosismo entre muitas empresas dos EUA e já estão a fazer-se sentir em bolsa, com os mercados asiáticos a fecharem esta sexta-feira em queda depois de o Ministério do Comércio ter apresentado uma lista de produtos importados dos EUA que poderão passar a ser taxados para "compensar as perdas" chinesas.
Neste momento, e segundo a estratégia de ação delineada, Pequim está a considerar aplicar tarifas aduaneiras sobre a carne de porco, vinho, fruta, frutos secos e tubos de aço inoxidável que compra aos EUA todos os anos.
O plano de resposta à frente de guerra aberta por Trump passa por aplicar um imposto de 15% sobre 120 bens de consumo que totalizam quase mil milhões de dólares de importações anuais e uma taxa de 25% sobre oito bens que correspondem a quase dois mil milhões de dólares de exportações anuais dos EUA para a China.
Por ano, os EUA importam muito mais bens à China do que aqueles que são exportados pelos norte-americanos para o país, o que em 2017 levou o défice da balança comercial a subir para os 375 mil milhões de dólares. Na quinta-feira, ao anunciar oficialmente o novo pacote de taxas aduaneiras, Trump disse que já pediu a Xi que baixe esse défice em 100 mil milhões "imediatamente".
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