Mariano Rajoy, Presidente do Governo espanhol, lança um sério aviso aos independentistas catalães: “O Governo impedirá que qualquer declaração de independência siga avante”, disse o líder do executivo de Madrid, ao El País. A entrevista será publicada na edição impressa de domingo, mas o jornal já antecipou o artigo na sua edição digital, na noite deste sábado.
Praticamente uma semana depois do referendo de 1 de outubro (considerado ilegal por Madrid) e a três dias da ida do Presidente do Governo da Catalunha ao Parlamento Regional (numa sessão em que se espera que Carles Puigdemont possa fazer uma declaração unilateral de independência), Mariano Rajoy deixa uma sério aviso aos secessionistas da Catalunha: "A Espanha continuará a ser a Espanha, e continuará a sê-lo por muito tempo", afirmou o também líder do PP.
Na entrevista exclusiva ao El País, Mariano Rajoy usa a estratégia de dividir para reinar. Com efeito, apela ao “catalanismo moderado”, capaz de celebrar pactos, para romper com os setores “extremistas, radicais e da CUP [Candidatura de Unidade Popular, formação de extrema-esquerda]”.
O Presidente do Governo espanhol nega que haja qualquer "risco de que a Espanha se divida" e é claro na resposta: "Espanha não se irá dividir e a unidade nacional vai manter-se. Usaremos para isso todos os instrumentos que a lei nos dá".
Aquela ideia é, aliás, passada por Rajoy de diversas formas, mas sempre num tom categórico. "Vamos impedir que se produza a independência. Por isso posso dizer com absoluta franqueza que [a independência] não se irá produzir", afirma noutro passo da entrevista.
Convidado pelos entrevistadores a deixar uma "mensagem" às pessoas que sentem "medo" ("as duas ou três gerações de espanhóis que enfrentam uma situação que jamais pensaram viver"), o chefe do Governo espanhol diz compreender tal "inquietação" e deixa uma garantia: "[Há] um Governo que vai defender, como é sua obrigação, a unidade nacional e a soberania nacional. E vai fazê-lo tomando todas as decisões que tenha de tomar, e no momento em que seja preciso fazê-lo. E tentando que tudo se salde pelo menor dano possível".
Rajoy é, assim, bem claro que usará todos os meios necessários, entre os quais necessariamente a força. Noutro momento da entrevista, afirma: "A Guardia Civil e a Polícia Nacional continuarão na Catalunha enquanto as coisas não voltarem à normalidade".
Questionado pelo El País se "pode tolerar uma declaração de independência escalonada", Mariano Rajoy responde: "Não. Não há nenhum Governo do mundo que esteja disposto a aceitar falar sobre a unidade do seu país nem sobre a ameaça à unidade do seu país".
É um Presidente do Governo de Espanha sempre musculado, ao longo de toda entrevista: "Gostaria que com a maior celeridade possível de retire a ameaça da declaração de independência, porque isso vai dificultar muito as coisas no futuro. Se a retiram, evitar-se-ão males maiores", afirma Rajoy, para quem "o simulacro de referendo foi negativo para todos".
Na entrevista ao El País, Mariano Rajoy considera ainda que mensagem do Rei Felipe VI foi "magnífica" e apela ao apoio dos parceiros de Espanha na União Europeia, afirmando sobre a situação na Catalunha: "Esta é a batalha da Europa".
Na próxima terça-feira, ao final da tarde, Carles Puigdemont estará presente numa sessão do Parlamento Regional da Catalunha. A ida do chefe do Governo é feita sob o pretexto de “informar sobre a situação política”.
Uma reunião do Parlamento que esteve convocada para a véspera (próxima segunda-feira), e que previa abordar “os efeitos da votação” do referendo de 1 de outubro, foi proibida pelo Tribunal Constitucional espanhol.
A mudança da ordem de trabalhos não é, no entanto, um garantia de nada. A três dias da sessão, existe a incógnita sobre o discurso de Puigdemont, que invocando os resultados de domingo poderá declarar a independência da Catalunha.
Texto alterado e acrescentado às 23h10m, com mais declarações de Mariano Rajoy, cuja entrevista foi entretanto publicada na íntegra na edição digital do El País