Bairros podem ser mais felizes com apoio a cuidadores informais ou partilha comunitária de tradições
Guimarães tem ideias para bairros felizes
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Na 3ª edição do projeto que junta o Expresso ao Pingo Doce vamos andar por todos os distritos do país a conhecer 50 ideias de 50 pessoas para mudar os seus bairros ou para melhorar a vida de todas as comunidades nas mais variadas áreas, porque da participação dos habitantes se faz um Bairro Feliz. Conheça cinco histórias em cada semana
A selfie da equipa do Cuidar Maior (Helena Correia é a primeira a contar da direita). O local escolhido foi o parque da Cidadania de Famalicão por representar "a união das 49 freguesias que compõem o concelho"
“O Cuidar Maior atualmente apoia mais de 370 cuidadores informais" em Famalicão explica Helena Correia, responsável pelo “programa de intervenção individualizada e personalizada na prevenção e intervenção precoce no combate ao burnout dos cuidadores informais” presente em todo o concelho. Por isso a ideia para o Bairro Feliz a espalhar por Portugal passa por “utilizar uma metodologia de desenvolvimento de respostas de apoio adequadas e personalizadas que atendem às dificuldades dos cuidadores informais” em situações como “oportunidades de descanso, aconselhamento centrado na resolução prática de problemas e apoio social, orientação financeira, ou atenção à saúde física e emocional do cuidador”.
Jerónimo Couto, Guimarães (Distrito de Braga)
Jerónimo Couto no centro do espaço verde desordenado no Bairro de São Gonçalo, em Guimarães, que o responsável quer recuperar
Segundo o presidente da Associação de Moradores do Bairro de São Gonçalo, “mesmo ao lado do estádio do Vitória”, a ideia passa pela necessidade de “reabilitar um parque urbano que virou uma selva” e no qual as “árvores já cresceram mais do que os prédios” de forma completamente desordenada. Os “moradores estão indignados" perante uma situação que os “entristece” e que já os levou a tentar resolver pelas próprias mãos, mas Jerónimo Couto pede encarecidamente o apoio do município, até porque a falta de cuidado com a vegetação já levou ao aparecimento de “bichos” que são um perigo para a saúde pública. Tudo pelo embelezamento do espaço comunitário: “Não queremos que se retirem as árvores", justifica.
Márcio Ferreira, Monção (Distrito de Viana do Castelo)
O retrato escolhido por Márcio Ferreira
“Estamos numa parte mais rural do interior”, defende o responsável pelo “Grupo de Concertinas Os Magníficos” para quem é essencial “parar com o encerramento sucessivo de lojas de conveniência e cafés” que agravam ainda mais o “isolamento das pessoas em casa com a única companhia a ser a televisão”. Muitas vezes a “mobilidade é reduzida com táxis e meios privados” a serem alternativas utilizadas em demasia. “É preciso combater esse isolamento” e aqui o “associativismo tem que ter um papel determinante, mas os apoios são escassos”. À frente de um grupo que preserva as tradições culturais da região e atua muitas vezes em eventos de solidariedade ou em espaços comunitários, Márcio Ferreira pede mais equipamentos espalhados pelo país que sirvam para “momentos de partilha” dentro dos bairros e juntem as pessoas para fazer frente ao isolamento com recurso à conversa ou à música, por exemplo.
Helena Barros, Viana do Castelo
A esperança está sempre presente na Casa dos Rapazes de Viana do Castelo
Responsável pela Casa dos Rapazes de Viana do Castelo, instituição de acolhimento com mais de 50 anos, Helena Barros explica que “muitas vezes” têm que lidar “com algumas limitações financeiras que condicionam na realização de alguns sonhos dos nossos jovens”. A ideia, que “surgiu depois de um debate com os jovens”, consiste assim “em proporcionar uma experiência diversificada, durante um fim de semana, às nossas crianças e jovens, com a realização de atividades radicais e de contacto com a natureza num ambiente de convívio no Parque DiverLanhoso”. Pode ser uma ideia para que em todos os bairros tenham oportunidade de passar “um fim de semana fora a realizar atividades radicais”.
Manuel Trindade, Funchal (Região Autónoma da Madeira)
Manuel Trindade fotografou-se no Bairro da Ajuda, em pleno Funchal
O presidente da direção da Associação Recreativa e Cultural da Ajuda no bairro com o mesmo nome no Funchal fala de um bairro operário, erguido para os funcionários da câmara e onde houve, por exemplo, “a preocupação de construir uma pequena escola primária para apoio da população onde distribuíam o leite em pó para os mais necessitados”. Atualmente, a “população menos jovem e na grande maioria reformada” do bairro “continuou (ou voltou) a ter uma vida com muitas necessidades sociais” e urgem medidas para resolver a situação. “Há poucos anos, a autarquia cedeu a velha escola com telhado em amianto à ARCA d’Ajuda”, com a associação a aguardar a resposta “a um projeto de requalificação do edifício de forma a ser desenvolvido um projeto de Centro de Ocupação para pessoas Menos Jovens e com/em solidão”. Explica Manuel Trindade que “a ideia é fazer um ponto de encontro para ocupação de tempos livres e envolver a população nas atividades culturais e recreativas, assim como prestar "apoio social aos mais necessitados". A situação é clara: “Com pouco podemos fazer muito por esta pobreza escondida e envergonhada”.
Daniel Santos, presidente da Associação Nossa Senhora dos Navegantes em frente ao centro social da Ilha da Culatra, no Algarve