Bairro Feliz

Parques comunitários ou telhas fotovoltaicas: o que faz um Bairro Feliz

A Ilha da Culatra fica ao largo de Olhão, no Algarve
A Ilha da Culatra fica ao largo de Olhão, no Algarve
José Fernandes

Na 3ª edição do projeto que junta o Expresso ao Pingo Doce vamos andar por todos os distritos do país a conhecer 50 ideias de 50 pessoas para mudar os seus bairros ou para melhorar a vida de todas as comunidades nas mais variadas áreas, porque da participação dos habitantes se faz um Bairro Feliz. Conheça cinco histórias em cada semana. Estas são as primeiras

Parques comunitários ou telhas fotovoltaicas: o que faz um Bairro Feliz

Tiago Oliveira

Jornalista

Daniel Santos, Ilha da Culatra (distrito de Faro)

Daniel Santos, presidente da Associação Nossa Senhora dos Navegantes em frente ao centro social da Ilha da Culatra, no Algarve
D.R.

“Queremos dar o exemplo para o mundo inteiro no campo da transição energética, temos muito a fazer", acredita o presidente da Associação Nossa senhora dos Navegantes. "Podemos aproveitar os bairros felizes para nos edifícios com telhas de amianto substituí-las por telhas fotovoltaicas, e aproveitar a energia solar, aliás o centro social já deu o pontapé de saída. Há também coisas que podemos melhorar na vida das pessoas. Aqui no bairro, por exemplo, não existe um veículo para transportar pessoas com dificuldade de mobilidade e é preciso fundos para adquirir. São precisas coisas em todos os bairros para melhorar a locomoção, a habitação e, essencial, melhorar a educação. Só assim se pode aproveitar aquilo que temos em mais abundância”.

Ana Pedrosa, Canaviais (distrito de Évora)

A 'selfie' de Ana junto das utentes da Casa do Povo de Canaviais, uma "instituição centenária"

“Um bairro feliz será aquele em que os seus habitantes se sintam felizes e em que haja colaboração entre vizinhos e restante população, assim como convergência de todos para o embelezamento do bairro”, argumenta a ex-presidente da Casa do Povo na freguesia eborense de Canaviais. Para ser “considerado um bairro mais feliz”, sugere que “os cabos de eletricidade e sobretudo os das redes de comunicação que cruzam as ruas de um lado para o outro, fossem retirados, escondidos, disfarçados”, que “no jardim contíguo à Junta de Freguesia houvesse um equipamento fixo de manutenção onde todos pudessem praticar exercício físico”, ou simplesmente “que os arruamentos não tivessem buracos”. Tudo para que “as pessoas se agreguem e criem atividades de diversão, cultura e lazer”.

Fernanda Chalupa, Foz (Distrito do Porto)

A vista do Orfeão da Foz do Douro pela lente de Fernanda Chalupa

Para a presidente do Orfeão da Foz do Douro, Fernanda Chalupa, a ideia para um Bairro Feliz passa um pouco por replicar na medida do possível o espírito comunitário gerado pelas várias atividades promovidas pela instituição, como aulas de dança ou grupos de cantares, e implementar estruturas de bairro focadas numa palavra: pessoas. “Pessoas positivas, que procuram pessoas positivas, que se riem, que defendem os seus direitos e os seus pontos de vista, que sabem respeitar as ideias dos outros, que ajudam o próximo das várias maneiras possíveis, que agradecem o que têm e que exercem cidadania”. Com um polo em cada bairro que inspire as pessoas a unirem-se desta forma, estamos no bom caminho.

Manuel Proença, Videmonte (Distrito da Guarda)

Manuel e Céu Proença mostram o terreno em que o agricultor e padeiro acredita poder ser construído um parque de merendas no centro de Videmonte

“O que encontro aqui que faz falta para um Bairro Feliz é um parque de merendas” no centro da aldeia, conta-nos diretamente da freguesia de Videmonte, na Guarda, Manuel Proença, que após décadas na Suíça dedica-se à horta, à apanha de ervas aromáticas e ao fabrico de pão. Temos aqui “um quintal grande que é pertença da igreja, que está mesmo no centro do povoado, que está todo vedado e que podia ser aproveitado", afirma. “Temos aqui passadiços que atraem muitos turistas e as pessoas comem à beira da estrada porque não têm espaço noutro lado". É uma “maneira de juntar o pessoal” e local para “comer uma merenda” faz falta, defende, seja em Videmonte seja em qualquer outro bairro, onde deve haver sempre um espaço comunitário ao ar livre para refeições.

Carlos Simões, Alfragide (Distrito de Lisboa)

Carlos Simões fez questão de se fotografar à porta da Academia do Johnson

"É nos bairros sociais e nos sítios mais ocultos, que em sinal do preconceito, do estigma e do medo, a vida é diariamente adiada", começa por dizer o presidente da Academia do Johnson, Carlos Simões. Por isso, a ideia para melhorar a vida comunitária de bairro passa por “fazer um “Roteiro do Mundo” onde nas lojas, cafés, restaurantes, de pessoa a pessoa e de família em família, se possam contar outras histórias e partilhar outros sabores e outros saberes. Porque aqui, são múltiplos os saberes e as memórias culturais das nossas gentes”, explica Carlos Simões, que deixa uma garantia: “Estamos certos que este movimento pode ajudar a diminuir o preconceito e a exclusão social”.

Saiba mais sobre o Bairro Feliz e candidate-se AQUI.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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