Tendo em conta “a incidência e a mortalidade”, o médico apela a uma luta sem tréguas para travar estas doenças e defende um reforço das campanhas de sensibilização, “apesar de Portugal estar entre os países com melhores políticas de rastreio oncológico na Europa”. Esta é a sexta de dez minientrevistas relacionadas com o estudo da GfK Metris para o Expresso sobre “A Saúde do Homem”
De acordo com o inquérito, o cancro do cólon do recto (52%), pâncreas (49%) e pulmão (44%) são os que mais preocupam os portugueses. 39% refere que um familiar sofreu ou sofre de cancro neste momento.
O cancro é a doença que mais preocupa os portugueses (47%). Os homens ainda tendem a subestimar riscos importantes nos casos de doenças da próstata e do pulmão?
A incidência e a mortalidade destas duas neoplasias tornam o seu combate um ponto de preocupação em Portugal. Segundo relatório publicado de 2021 do RON, registaram-se 7099 casos de cancro da próstata e 5547 casos de cancro do pulmão (homens 3942; mulheres 1605), sendo a principal causa de morte por cancro.
7% dos inquiridos afirmam ter ou já ter tido cancro. Como interpretar este número?
Em Portugal, registam-se anualmente cerca de 60 mil novos casos de cancro. Estima-se que 30% a 40% da população portuguesa terá diagnóstico de algum tipo de cancro na sua vida. Neste contexto, o facto de apenas 7% dos inquiridos, pessoas adultas com mais de 45 anos, terem referido terem um diagnóstico oncológico na sua história de saúde pessoal é inesperado.
Em relação ao cancro do pulmão, o que falta fazer para que as pessoas mudem comportamentos antes que seja tarde?
O tabaco é responsável por cerca de 85% dos casos de cancro do pulmão. As metas de combate do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo encontram-se replicadas na Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro - Horizonte 2030, nomeadamente, reduzir a prevalência de consumo de tabaco na população com mais de 15 anos de 17%, em 2019, para um valor inferior a 14% em 2025 e a 10% em 2030. De forma geral, as medidas podem resumir-se a reforço de campanhas de sensibilização que abordem diretamente o público, disponibilização de mais consultas de cessação tabágica e apoio psicológico, e promoção da educação sobre os riscos do tabaco, incluindo em ambientes escolares e comunitários.
Nome: José Dinis
Idade: 58 anos
Profissão: Médico oncologista
Resumo profissional: É diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde. Monitoriza iniciativas de prevenção, rastreio e tratamento do cancro, promovendo estratégias centradas na inovação, na equidade no acesso aos cuidados e na melhoria contínua da resposta oncológica nacional. É diretor do serviço de oncologia médica no IPO do Porto e responsável pela unidade de investigação clínica, também no IPO do Porto.
Lema de vida: Honestidade, competência e compaixão
“A Saúde do Homem” é uma iniciativa que visa retratar os cuidados de saúde da população masculina e sensibilizar a sociedade para a importância da prevenção e do tratamento de doenças que a afetam. Um projeto Expresso, com o apoio da Johnson & Johnson Innovative Medicine e o apoio institucional da Ordem dos Médicos.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa
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