Pedro Galhardas, sócio sénior da consultora Roland Berger e um dos oradores da conferência Indústrias de Futuro organizada pela Floene
Nuno Fox
Os desafios e as oportunidades da introdução dos gases renováveis na transição energética foram o tema principal da conferência Indústrias de Futuro que a Floene organizou esta terça-feira, em Lisboa, e a que o Expresso se associou como media partner
Há um potencial que não está a ser aproveitado no biometano e que está a colocar Portugal em desvantagem em relação a outros países da Europa. Mas o mesmo não se passa no hidrogénio, no qual todos os países europeus estão a caminhar ao mesmo ritmo.
O que falta então para se apostar mais no biometano? As respostas e as sugestões vieram da parte de Diogo da Silveira, Gabriel Sousa e Nuno Nascimento, respetivamente, presidente, CEO e diretor de Estratégia e Transição Energética da Floene; Pedro Verdelho, presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE); Paulo Carmona, diretor-geral da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG); Salvador Malheiro, presidente da Comissão de Ambiente e Energia da Assembleia da República; e Pedro Galhardas, sócio sénior na Roland Berger.
Mas ainda de Cristiano Amaro, responsável pela área do biometano na Capwatt; Vitor Coelho, membro da comissão executiva da Hychem; Jaime Braga, assessor da Confederação Empresarial de Portugal (CIP); Luis Puchades, presidente da Associação Espanhol de Biogás (AEBIG); Jorge Carneiro, responsável do Núcleo de Investigação e Desenvolvimento da Grestel - Produtos Cerâmicos e Núria de Lucas, responsável de Transição Energética em gases renováveis da Naturgy. Estas foram as principais conclusões da conferência que juntou todos estes nomes do sector dos gases renováveis.
A transição energética não se faz apenas através da descarbonização do sector elétrico.
Os gases renováveis são, e devem ser, outro vetor para atingir a neutralidade carbónica, e neles não há só o hidrogénio, mas também o biometano, considerado a melhor solução para indústrias como a cerâmica ou o vidro.
“Temos um potencial para desenvolver biometano. Só falta haver políticas e regulação adequadas”, diz Diogo da Silveira. Principalmente para que se possam desenvolver projetos com escala, repara Pedro Galhardas, que é perentório na urgência que existe para se resolverem os constrangimentos existentes.
“No biometano, há um atraso face à Europa. A política pública de incentivos e o enquadramento regulatório estável tem de ser feito nos próximos dois anos, se não, a meta para 2030 estará irremediavelmente comprometida”, diz.
Para Cristiano Amaro, basta usar os bons exemplos que existem noutros países da Europa, como Itália, França ou Dinamarca que aprovaram recentemente decretos que permitem apoios nas tarifas para projetos de biometano.
Diz o responsável da Capwatt que é o que faz sentido para projetos que estão a começar e que depois devem deixar de existir esses apoios quando os projetos já estão maduros.
Apesar de se ter falado menos em hidrogénio, esses incentivos também são necessários, até porque se trata de uma tecnologia cara.
A aposta neste gás em Portugal está alinhada com os restantes países da Europa, mas nem por isso deixa o sector, e até o governo, tranquilo.
“Portugal ainda não começou a sério no hidrogénio. Temos projetos piloto, que nos dão esperança que sejam maiores, mas ainda não há nada que nos faça sentir confortáveis”, diz Paulo Carmona.
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