Sector energético aponta a um "novo ciclo" de inovação e descarbonização
João Torres abriu o dia de trabalhos
Nuno Fox
João Torres abriu o dia de trabalhos
Nuno Fox
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Os desafios da política energética portuguesa e europeia, a que se junta o papel cada vez mais interventivo desempenhado por consumidores e autarquias foram alguns dos tópicos em destaque ao longo do dia na Portugal Energy Conference 2024, organizada pela Associação Portuguesa da Energia, sob o tema “Energia | Pessoas | Cidades”, e com o Expresso como media partner
As rodas estão-se a movimentar a um ritmo cada vez mais acelerado na área da energia. As empresas do sector e as entidades governamentais europeias e portuguesas tentam acompanhar da melhor forma as alterações provocadas por variáveis que vão desde a eletrificação da economia às metas de descarbonização que se aproximam, passando pelas convulsões provocadas pela concorrência externa e pelas flutuações características de uma situação em constante mutação.
Ao mesmo tempo, comunidades, pessoas e entidades municipais procuram desempenhar um papel cada vez mais interventivo para terem ofertas energéticas que sentem ser mais adequadas às suas necessidades, e que façam verdadeiro uso de inovações tecnológicas como a inteligência artificial ou o armazenamento de energia.
Tudo tópicos que estiveram em discussão na Portugal Energy Conference 2024, organizada pela Associação Portuguesa da Energia sob o tema “Energia | Pessoas | Cidades”, e com o Expresso como media partner. O evento realizou-se ao longo do dia no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e contou com a presença de João Torres, presidente da Associação Portuguesa da Energia; Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas; Nuno Pignatelli, vice-presidente da Accenture Portugal; Isabel Apolinário, administradora da ERSE; Hugo Gouveia, administrador da EDP Comercial; Nuno Costa, head of customer success da GALP; Mariana Almeida, jurista da DECO; Vítor Santos, professor catedrático do ISEG; José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro e vice-presidente da ANMP; Miguel de Castro Neto, presidente da Lisboa E-Nova; Luísa Matos, CEO da Cleanwatts; Gabriel Sousa, CEO da Floene; José Ferrari Careto, CEO da E-Redes; Sílvia Barata, CEO da BP Portugal; Paula Abreu Marques, chefe de unidade da Comissão Europeia; Miguel Stilwell Andrade, CEO da EDP; Rodrigo Costa, CEO da REN; e Maria João Pereira, secretária de Estado da Energia.
Conheça as principais conclusões.
Regeneração urbana
A transformação do sector energético afeta também as malhas citadinas e a forma como as entidades municipais e as pessoas geram os recursos à sua disposição para ter cidades mais inteligentes e sustentáveis.
“Vamos ter que expandir as cidades, a realidade é essa”, aponta Hugo Espírito Santo para quem é necessária uma. “regeneração muito profunda” onde os “transportes são peça essencial”. Importa ter “cidades como faróis de bons exemplos e boas práticas”, acredita Miguel de Castro Neto
Com os municípios a reclamaram maior liberdade de ação. Há “complicações que o Estado cria a si próprio”, acredita José Ribau Esteves, sobretudo quando o “poder de mandar em democracia é um ato democrático”.
Metas apertam
A aproximação das metas energéticas e de neutralidade carbónica são motivo de alerta, com Miguel Stilwell Andrade a avisar que “estamos a descarbonizar mas não estamos a descarbonizar ao nível que devíamos estar”.
"O nosso trabalho é cada vez mais complexo", afirma Rodrigo Costa.
Na opinião de Gabriel Sousa, “descarbonizar e diversificar é termos uma maior e melhor economia”.
Papel da inovação
É essencial “combater a falta de foco e capacidade de execução”, reforça João Torres.
Mas a regulação excessiva e a pouca agilidade na tomada de decisões foi apontada por vários como entraves à integração da inovação na produção e distribuição de energia.
Segundo Paula Abreu Marques, a Comissão Europeia tem como prioridades oferecer uma “maior flexibilidade do sistema, combater a volatilidade dos preços” e acelerar “os processos e do licenciamento”.
Consumidores mudam
É verdade que ainda há alguma “dificuldade em tornar o consumidor ativo a nível europeu”, aponta Isabel Apolinário, e o “nível de literacia é ainda bastante baixo”, diz Mariana Almeida. Mas a situação está a alterar-se.
A “digitalização traz uma interação mais permanente e com valor acrescentado”, afirma Nuno Pignatelli.
"Portugal tem das legislações mais avançadas em termos de comunidades de energia", lembra Luísa Matos.
Acelerar processos
A hora é de passar das palavras ao ato e os intervenientes são unânimes na necessidade de implementar processos mais transparentes e claros.
A “neutralidade carbónica também virá de escolhas que todos nós fazemos”, realça Hugo Gouveia.
No Governo, o objetivo é “simplificar os processos regulatórios e disponibilizar os recursos para apoiar iniciativas” como “comunidades de energia renovável” ou “mobilidade elétrica”, defende Maria João Pereira.
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