Teses de mestrado sobre hidrogénio verde vencem primeiro e segundo lugar do Prémio REN

Os autores são Leonardo Fernandes e Luís Rodrigues - respetivamente primeiro e segundo prémios - e são ambos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

No trabalho de Leonardo Fernandes, simulam-se as condições de escoamento de misturas de gás natural e hidrogénio nos gasodutos, isto porque “do ponto de vista económico, é insustentável substituir imediatamente a atual infraestrutura de gás natural por uma de hidrogénio” e, do ponto de vista técnico, há restrições, pode ler-se no resumo da tese de mestrado. Desde logo, “o hidrogénio pode induzir corrosão e a fragilização no material do tubo”, que normalmente são feitos de aço. Depois, “o hidrogénio é três vezes menos denso volumetricamente em energia que o gás natural” e “nove vezes menos denso que o gás natural”. E ainda um maior risco de fuga de hidrogénio, por ser “uma molécula muito pequena”.

Já o trabalho de Luís Rodrigues “está centrado no estudo e simulação do funcionamento de uma central de produção de hidrogénio para a produção de energia e para o fornecimento de vários clientes” e na sua viabilidade técnico-económica. Isto porque, atualmente, o custo do hidrogénio verde (feito a partir de fontes renováveis) é de cinco euros por cada quilo produzido, enquanto que o hidrogénio cinzento (feito a partir de combustíveis fósseis) custa menos de metade, dois euros por quilo.

Quanto ao terceiro prémio e às menções honrosas, que este ano foram três, todas elas têm temas ligados à transição energética: postos de carregamento para carros elétricos; comunidades de energias renováveis para a agricultura; preços de certificados de energia renovável ou o estudo do vento para melhorar a localização das turbinas num parque eólico.

Além do Prémio REN, foram ainda atribuídas esta tarde as Medalhas de Mérito Científico, um prémio criado em 2021 pela REN, o Centro Ciência LP e a Fundação para a Ciência e Tecnologia para distinguir os melhores trabalhos de mulheres investigadoras e de estudantes e investigadores de países africanos de língua portuguesa.

Também nestas investigações os temas em análise estão relacionados com a transição energética: sistemas solares térmicos para aquecer água doméstica; carros a hidrogénio: sistemas híbridos de energia renovável e sistemas híbridos de fotovoltaico e biogás.

O papel das universidades

Aproveitando a entrega deste prémio, foi organizado um debate sobre o papel das universidades no futuro da transição energética que contou com João Peças Lopes e ainda Zita Vale, diretora do GECAD - Centro de Investigação em Engenharia Inteligente e Computação para Inovação Avançada e Desenvolvimento do Instituto de Engenharia do Politécnico do Porto; Jorge Vasconcelos, presidente da NEWES - New Energy Solutions e Paulo Ferrão, professor no Instituto Superior Técnico.

Todos eles concordam que as universidades portuguesas estão a preparar cada vez mais e melhores profissionais e que o problema é reter esses jovens que são aliciados para ir trabalhar para fora por melhores salários, o que não irá mudar enquanto a economia portuguesa não pagar mais, disseram Zita Vale e Paulo Ferrão.

Além disso, é também preciso tornar o ensino politécnico mais atrativo, porque os técnicos que saem desses cursos “são também importantes para a transição energética”, reparou Jorge Vasconcelos. A situação é, de facto, complexa. Cerca de 30% dos trabalhadores que a REN contrata para o terreno são estrangeiros e mesmo esses são aliciados a ir para outros países, diz João Gaspar, responsável pela área de investimento na Direção de Operações da REN, que juntamente com Mónica Conceição, diretora de operações, fez uma apresentação sobre como está a ser a transição energética no terreno.

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.