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Construção: os problemas atuais e as soluções possíveis

Construção: os problemas atuais e as soluções possíveis
Getty Images
O grupo Transfor organiza, esta terça-feira no edifício da Impresa, em Paço de Arcos, a conferência “Construção em Movimento” à qual o Expresso se associa como media partner

Ana Baptista

Quando se fala nos problemas que o sector da construção enfrenta atualmente há, pelo menos, três que saltam logo à vista: os complexos processos de licenciamento e de contratação; o aumento dos custos dos materiais e da obra em si; e a falta de mão de obra.

Problemas que, segundo responsáveis do sector, são responsáveis pelas ineficiências e consequentes custos de contexto e que precisam de medidas urgentes. Contudo, nem todos estes desafios recebem a mesma dose de otimismo quanto às soluções existentes.

Por exemplo, no que respeita ao aumento de custos das obras em si, o ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, diz ser “uma tarefa quase impossível” de resolver “pois as exigências legislativas e as normas e regulamentos que têm vindo a ser impostas vão continuar nesse sentido, algumas das quais através de diretivas da União Europeia (UE)”.

Também a “capacidade de alocar mão de obra qualificada e responsável é um tema sério e de complexa resolução, até diria que um dos maiores desafios deste sector atualmente e, parece-me, com agravamento no futuro”, repara o fundador e CEO do grupo Transfor, Tiago Marto, acrescentando que, neste caso, o Governo podia “estabelecer dinâmicas capazes de melhorar a atratividade de pessoas para o sector”.

O licenciamento é onde se vê alguma luz ao fundo do túnel, mas, acima de tudo, na construção para habitação, uma vez que as medidas de simplificação dos processos faziam parte do pacote “Mais Habitação” do anterior Governo e fazem agora parte do programa “Construir Portugal” do novo executivo.

“O simplex tem medidas boas, outras que serão boas no futuro, pois foram adiadas, e muitas outras inaceitáveis, como a possibilidade do embargo na hora, pois as câmaras municipais deixam de apreciar os projetos, mas têm dez anos para fiscalizar as obras e o que foi vendido, o que passou a constituir um gravíssimo risco para quem promove as construções, para os projetistas, empreiteiros, bancos e para quem depois comprar as frações”, aponta Fernando Santo.

Para o ex-bastonário, entre os maiores problemas estão “os 1.731 diplomas em vigor”, ou a “divergência de entendimento sobre a legislação e regulamentos, entre os municípios e as entidades da administração central, e até entre técnicos dos mesmos organismos, a par da divisão do território em 308 municípios com Planos Diretores Municipais e Regulamentos autónomos, incluindo 308 diferentes plataformas para submeter os projetos”. E acrescenta: “Enquanto não reduzirem e clarificarem esta teia legislativa que está na base das divergências, de contencioso e até da judicialização do licenciamento urbano, não resolveremos o problema. Pelo contrário, será cada vez mais agravado”.

“Já acompanhei projetos em que, após a aprovação do Pedido de Informação Prévia decorreram 18 anos até à emissão da licença de construção”, revela Fernando Santo

Não é de estranhar, por isso, que a litigância seja um dos temas em debate na conferência que o grupo Transfor organiza na próxima terça-feira no edifício da Impresa, em Paço de Arcos. Tanto a litigância decorrente dos processos de licenciamento - que podem gerar embargos de obra - como os que são relacionados com a contratação pública e privada ou com os contratos de trabalho.

Por isso é que, para Tiago Marto, resolver os problemas da construção também depende do próprio sector. “Para começar, deve existir um maior alinhamento entre todos os intervenientes, diga-se entre cliente, projetistas, gestores de contrato/fiscalizações e construtor”, diz, acrescentando que considera “fundamental” alterar os modelos de contratação e criar plataformas de trabalho eficientes; haver complementaridade e rapidez nos diferentes patamares de decisão; e não existirem divergências entre as equipas envolvidas.

308

é o número de plataformas para submeter projetos de construção, uma por cada uma das 308 câmaras que existem em Portugal.

Conferência “Construção em Movimento”

O que é?

É uma conferência organizada pela Transfor a que o Expresso se associa como media partner e que pretende discutir os problemas e desafios atuais do sector da construção e as soluções possíveis que podem ser tomadas.

Quando, onde e a que horas?

Dia 21 de maio de 2024, no edifício da Impresa, em Paço de Arcos, das 9h15 às 17h30.

Quem vai estar presente?


  • António Saraiva, Presidente da Cruz Vermelha e do Conselho Estratégico da Transfor
  • Fernando Santo, Ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros
  • Rui Furtado Marques, HCI
  • Tiago Marto, CEO e fundador do grupo Transfor
  • João Bugalho, Arrow Global Group
  • Jaime Quintas, Alphalink
  • Manuel Salgado, arquiteto
  • Nuno Costa, CEO do Grupo Quadrante
  • Miguel Saraiva, CEO e arquiteto principal da Saraiva + Associados
  • Paulo Consciência, CEO Ficope
  • Francisco Proença de Carvalho, da Uria Menendez
  • Cristina Santos Silva, da CSS Advogados
  • Barbara Amaral Correia, da Antas da Cunha Advogados
  • António Ramalho, da Touro Capital Partners

Porque é que este tema é central?

Num momento em que se fala tanto de habitação a custos acessíveis, importa debater os desafios da construção, considerada uma das causas para os preços elevados das casas.

Onde posso ver?

No Facebook do Expresso.

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