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Está indeciso nas compras? A inteligência artificial ajuda

Está indeciso nas compras? A inteligência artificial ajuda
Getty Images
Os grandes desafios e oportunidades que a adoção aparentemente imparável da inteligência comporta para o sector do consumo e retalho estará em discussão na primeira de cinco sessões do projeto "Impacto da Inteligência Artificial", em que o Expresso é media partner da EY Portugal para perceber o impacto desta transformação em vários sectores
Está indeciso nas compras? A inteligência artificial ajuda

Tiago Oliveira

Jornalista

Prepare-se: a forma como está habituado a fazer compras no supermercado ou numa loja de roupa vai mudar. E mais depressa do que pensa. A adoção de modelos de inteligência artificial (IA) generativa vai mudar fundamentalmente a experiência do sector do retalho e consumo, ao permitir às empresas afinar os algoritmos e delegar cada vez mais decisões nas mãos da tecnologia, e aos consumidores ter uma oferta muito mais personalizada e direcionada.

“O impacto é incontornável”, resume Gonçalo Lobo Xavier, diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição. O responsável revela que “são várias as empresas do sector da distribuição em Portugal que já incorporaram soluções tecnológicas de IA nos seus modelos de negócio”, seja para “melhorar o serviço ao cliente (na experiência de compra, por exemplo)” ou “a eficiência da gestão da operação”.

De acordo com dados da Confederação Empresarial de Portugal, 26% da automação potencial poderá ser adotada em 2030, o que significa uma transformação acelerada e com um impacto profundo. “Teria consequência direta na deslocação de mais de 1 milhão de trabalhadores”, lembra Gonçalo Lobo Xavier. Por isso “as empresas terão de ter a requalificação dos seus trabalhadores no centro da transformação dos seus negócios e decisões”. E importa apostar na regulamentação, daí a relevância do acordo a que as instituições europeias chegaram, “de forma surpreendente, no início do mês de fevereiro sobre a proposta de Regulamento sobre a Inteligência Artificial, numa demonstração evidente de vontade política em estabelecer um quadro regulatório que sirva de referência mundial".

Este e outros tópicos estarão no centro da discussão da primeira sessão do projeto “Impacto da Inteligência Artificial”, em que o Expresso é media partner da EY Portugal para perceber como é que a IA está a provocar mudanças profundas em diferentes sectores da sociedade e economia, com impacto na população.

“O desafio está como é que um retalhista combina a flexibilidade do humano e a fiabilidade do algoritmo para criar uma experiência de cliente única, coerente e vencedora a qualquer instante”, adianta Sérgio Ferreira

O retalho e consumo é a primeira área de análise - vão-se seguir Energia & infraestruturas; Telecom & media; Banca & seguros; e As grandes apostas do Estado - e para Sérgio Ferreira é claro que “o impacto no retalho será enorme”. O partner da EY Portugal destaca, pelo lado do consumidor, mudanças como o “aumento da utilização de bots [programa de software que executa tarefas automatizadas, repetitivas e pré-definidas] para tomar decisões de compra”, a “delegação de tarefas domésticas a assistentes de IA” ou a “interação com a IA a suplantar a interação humana”. Já no campo operacional as alterações poderão passar pela “geração de conteúdos para o envolvimento multicanal do consumidor”, “vendas e apoio pós-venda reforçados e baseados em IA” assim como “alteração das necessidades e da utilização de talentos”.

€61 mil milhões

é o possível impacto económico da inteligência artificial em Portugal, conclui o estudo da Strand Partners encomendado pela AWS, sendo que 35% das empresas já adotou esta tecnologia

“Hoje milhões de consumidores podem com segurança satisfazer as suas necessidades sem necessitar de escrutinar qual é a cadeia de valor”, acredita Sérgio Ferreira, o que “conduziu a uma gestão ultracompleta de milhares de indicadores e pontos de decisão que está no limite humano”. É aqui que entra a IA, ao permitir “automatizar muitas dessas decisões, assegurando a recolha da informação necessária e com a qualidade que permite reduzir o erro”. “Prova disso”, reforça, “é o tempo que hoje uma encomenda on-line demora a chegar às nossas mãos. É possível fazê-lo em horas e não dias, porque a decisão do armazém de onde vem o livro não é tomado por uma pessoa, mas por algoritmo”.

As mudanças vão continuar a avolumar-se e na opinião de Carolina Afonso, CEO Gato Preto e professora no ISEG, “podemos também analisar e prever padrões de consumo, integrar rapidamente novas informações e prever mudanças na procura dos clientes para evitar lacunas dispendiosas entre a oferta e a procura”, com a aplicação da IA ao preço a também poder traduzir-se “numa vantagem competitiva”. Quanto aos riscos, “há sempre o tema da recolha consentida e privacidade de dados do cliente bem como a utilização destas tecnologias para propósitos menos éticos”. Tópicos sensíveis, a ocorrer a uma velocidade que dificulta o acompanhamento, e que tornam “vital existir uma cultura empresarial de abertura, que fomente a inovação e que seja tolerante ao erro”.

Impacto da Inteligência Artificial: Consumo & Retalho

O que é?

O Expresso e a EY, reúnem os maiores especialistas e empresas para discutir a evolução e o impacto da Inteligência Artificial nas pessoas, organizações e sociedade.

Quando, onde e a que horas?

Quarta-feira, 28 de fevereiro, no edifício Impresa, a partir das 9h30.

Quem vai estar presente?


  • Francisco Pedro Balsemão, CEO, Impresa
  • Sérgio Ferreira, Partner, consumer products and retail leader da EY Portugal
  • Nadim Habib, Professor Nova SBE
  • António Raimundo, Co-fundador da Skyverse e Coordenador da Lic. em Tecnologias Digitais e Inteligência Artificial (TDIA) do Iscte Sintra
  • Carolina Afonso, CEO, Gato Preto
  • Gonçalo Lobo Xavier, Diretor-geral, APED
  • Paulo Dimas, Vice-presidente, Unbabel
  • Pedro Cid, CEO, Auchan
  • Sandra Vera-Cruz, Diretora Geral da Mondelez Portugal
  • João Gomes da Silva, Administrador Executivo SOGRAPE
  • Paulo Simões, CFO, Worten

Porque é que este encontro é central?

Porque o impacto da inteligência artificial sente-se cada vez mais e vai mudar fundamentalmente a forma como vários sectores funcionam e como lidamos com diferentes realidades da vida quotidiano. Entre desafios e oportunidades, importa perceber os caminhos a seguir.

Onde posso seguir?

No Facebook do Expresso. A transmissão será feita a 29 de fevereiro, a partir das 9h30.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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