Preço é o que mais leva os portugueses a desistirem de comprar e arrendar casa
Conclusão é de um estudo da Century 21 que faz uma análise do mercado de habitação em Portugal e o que mudou face a 2018
Conclusão é de um estudo da Century 21 que faz uma análise do mercado de habitação em Portugal e o que mudou face a 2018
Ana Baptista
O principal motivo para os portugueses desistirem de comprar e arrendar casa é o preço, revela o estudo “Habitação em Portugal: O que mudou nos últimos anos”, desenvolvido pela mediadora imobiliária Century 21 e que além de fazer um retrato do mercado atual, compara-o com o que se passava em 2018.
De acordo com o documento, que será apresentado esta quinta-feira de manhã numa conferência a que o Expresso e a SIC Notícias se associam, 55% dos inquiridos confessaram que deixaram de procurar casa porque os preços disponíveis no mercado são muito altos.
De facto, neste momento, quem procura casa para comprar quer gastar entre €100 mil e €200 mil, mas são poucas as casas à venda por esse preço. Aliás, a média de preço das habitações vendidas é de quase €190 mil, o que pressupõe que haja várias a serem vendidas acima dos €200 mil. Para quem quer arrendar o cenário é semelhante. A procura é por rendas de €500, mas o valor médio das casas arrendadas é de €598.
Esta realidade difere da que existia em 2018, quando a principal razão para se desistir de comprar ou arrendar era por não encontrar o tipo de casa que procuravam. Agora, 18% dos inquiridos é que diz que foi essa a razão para desistir, contudo não significa que seja mais fácil encontrar o tipo de casa que se procura. Pelo contrário.
A maioria das pessoas procura um T3 para comprar ou arrendar mas, para não esgotar o orçamento, tem que optar por um T2, normalmente um apartamento em vez de uma moradia, precisamente pela mesma razão: fica mais barato.
Além disso também cedem nas comodidades da casa, nas valências da zona e nas condições dos imóveis. Por exemplo, a procura incide por casas com 91 a 150 m2 e duas casas-de-banho, mas acabam por ficar com 76 a 120 m2 e apenas uma casa-de-banho.
Só não cedem na proximidade a jardins, zonas verdes e comércio, na segurança da zona e nas obras que a casa precisa, isto porque a procura é maior por imóveis usados, mas sem necessidade de obras ou reparações.
Contudo, estas cedências acontecem porque a oferta que existe hoje é praticamente a mesma que havia em 2018, ou seja, predominam os apartamentos T3 usados sem necessidade de obras, com uma área de 91 a 120 m2, uma casa-de-banho, terraço, varanda e garagem.
Mudanças sociais
Uma das maiores alterações no mercado da habitação entre 2018 e 2024 são as motivações de quem compra e vende.
Por exemplo, se em 2018 era o casamento ou a união de facto que motivava a compra de casa, agora é para ter autonomia. Além disso, duplicou o número de compradores que vende a casa antiga para financiar a nova (de 12% para 25%) e há uma maior apetência para mudar de cidade (de 19% para 25%), especialmente entre os 30 e os 39 anos. Há também mais pessoas que vivem em casas arrendadas e que gostariam de ter casa própria.
Do lado de quem vende, 19% dos inquiridos diz que coloca a casa no mercado porque precisa de dinheiro ou porque quer mudar para uma casa ou zona melhor, mas há agora 16% que dizem que precisam de dinheiro para fazer investimentos.
Só uma coisa não muda: 92,3% dos inquiridos prefere viver em casa própria, dos quais 65,3% já o faz atualmente.
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