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“Devia haver um pacto de habitação entre partidos”

António Ramalho, Pedro Siza Vieira e Ricardo Guimarães estiveram no painel de especialistas do mercado
António Ramalho, Pedro Siza Vieira e Ricardo Guimarães estiveram no painel de especialistas do mercado
Joao Girao

O tema da habitação esteve em debate esta quinta-feira de manhã na conferência que a Century 21 organizou no Casino de Lisboa, com o apoio do Expresso e da SIC Notícias

Ana Baptista

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O que mudou no mercado de habitação e o que esperar de 2024? As taxas de juro vão começar a descer? Quando? E que impacto vai isso ter? E os preços das casas vão baixar? E o que se deve e pode fazer para mudar? O encontro desta manhã debateu estes e muitos outros temas, arrancando com Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, a apresentar um retrato do mercado - de quem compra e quem vende casa. Seguiram-se-lhe Miguel Morgado e Catarina Martins, comentadores da SIC Notícias; Diogo Sousa Louro, administrador do BPI; Luís Ribeiro, administrador do Novo Banco; Miguel Belo de Carvalho, administrador do Santander Portugal; António Ramalho, presidente da Touro Capital Partners; Pedro Siza Vieira, sócio da sociedade de advogados PLMJ; Ricardo Guimarães, diretor do Confidencial Imobiliário e ainda Luís Marques Mendes, comentador da SIC Notícias. Estas são as principais conclusões.

1. O estado do mercado

  • De acordo com o estudo “Habitação em Portugal: O que mudou nos últimos anos”, desenvolvido pela Century 21 e que foi apresentado esta quinta-feira, o principal motivo para os portugueses desistirem de comprar e arrendar casa é o preço.
  • Neste momento, quem procura casa para comprar quer gastar entre €100 mil e €200 mil, mas a média de preço das habitações vendidas é de quase €190 mil. Para quem quer arrendar o cenário é semelhante. A procura é por rendas de €500, mas o valor médio das casas arrendadas é de €598.
  • Quer isto dizer que a casa que os portugueses querem não é a que compram, uma tendência que deverá manter-se nos próximos tempos porque, diz Ricardo Guimarães, os preços das casas não vão baixar enquanto não houver mais oferta.
  • O que deverá descer são as taxas de juro e aí, sim, pode haver um alívio. De acordo com Diogo Sousa Louro, isso poderá acontecer já no verão deste ano e ter efeitos nas prestações e nos novos créditos no final do ano.
  • Aliás, Ricardo Guimarães acredita que a descida das taxas de juro irá ser revelante para recuperar o número de transações que desceram 17% em 2023.
  • Contudo, como notou António Ramalho, “o valor das transações está em linha como o que era previsível”.

2. Manter políticas

  • Se houve um consenso no encontro de hoje foi que é urgente aumentar a oferta de habitação, porque só assim os preços vão começar a descer.
  • “Construíram-se 70 mil casas por ano entre 1990 e 1995 e caiu muito bruscamente porque os bancos deixaram de financiar a promoção e as pessoas compravam menos. Claro que não precisamos de tanta habitação nova, mas devemos ter as 50 casas por habitante”, diz Pedro Siza Vieira.
  • Para que a oferta aumente é preciso haver medidas como a redução do IVA na construção, repara António Ramalho, mas também é preciso que as medidas implementadas se mantenham ao longo de várias legislaturas.
  • “Uma política de habitação tem de atravessar vários Governos. Devia haver um pacto de habitação entre partidos. É preciso um esforço de entendimento alargado”, rematou Luís Marques Mendes, que encerrou o encontro desta manhã.

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