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“Temos um sistema [fiscal] que incentiva o pequeno e penaliza quem cresce”

O primeiro Encontro Fora da Caixa de 2024, a que o Expresso se associa como media partner, decorreu esta segunda-feira à tarde na Casa da Música, no Porto

Ana Baptista

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Inovação e sustentabilidade no setor vitivinícola foi o tema principal do Encontro Fora da Caixa, onde se fez também um breve retrato da economia, das empresas e das instituições portuguesas e se falaram das perspectivas para 2024. Para isso, juntaram-se Paulo Macedo e Francisco Cary, respectivamente presidente da comissão executiva e administrador executivo da da Caixa Geral de Depósitos (CGD); Rui Martins, diretor de estratégia da Caixa Gestão de Ativos; Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da Business Roundtable Portugal; João Nicolau de Almeida, administrador da Quinta do Monte Xisto; Raquel Seabra, administradora executiva da Sogrape; Tomás Roquette, CEO da Quinta do Crasto e ainda Carlos Moreira da Silva, ex-presidente da BA Glass e atual fundador e CEO da Teak Capital. Estas são as principais conclusões.

1. O retrato da economia

  • No que respeita à produtividade entre os países da União Europeia (UE), Portugal caiu da 21º para a 15º posição e, por isso, tem crescido apenas cerca de 1% ao ano. E porquê? “Porque é que somos menos produtivos?”, questiona Pedro Ginjeira do Nascimento. “Porque temos poucas grandes empresas”, responde.
  • “Temos um sistema [fiscal] que incentiva o pequeno e penaliza quem cresce”, repara, dando como exemplo uma empresa que não faz contabilidade organizada e só é taxada a 11% e uma que faz e passa logo a ser taxada a 17% em sede de IRC.
  • De acordo com o secretário-geral da associação Business Roundtable Portugal - que junta 42 grandes empresas -
    um estudo recente da Universidade Nova diz que, “em média, uma grande empresa é dez vezes mais produtiva que uma empresa média”. E porquê? “Porque fazem mais dinheiro”, afirma.

2. O que esperar de 2024

  • Fica cada vez mais claro que 2024 será um ano de expectativas porque ainda há muitas incertezas e incógnitas: a guerra na Ucrânia e o conflito Israel-Hamas não têm fim a vista, e as taxas de juro só devem começar a descer no verão, se descerem, porque, como lembra Paulo Macedo, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, não foi taxativa.
  • Mas mesmo que melhorem - e ainda esta semana o BCE decidiu manter as taxas - não vão voltar ao que era antes, diz Francisco Cary.

3. O exemplo do vinho

  • O debate deste primeiro Encontro Fora da Caixa de 2024 tinha como tema a inovação e a sustentabilidade no setor vitivinícola, um negócio que sabe bem o que é a incerteza, não tanto por causa das flutuações da economia e/ou da política mas sim por causa das alterações climáticas que se têm agravado nos últimos anos.
  • Daí que a sustentabilidade já não seja sequer um tema para estas empresas, porque é algo intrínseco no negócio desde sempre, repara Raquel Seabra. Mesmo assim, há um esforço para consumir menos energia e emitir menos CO2 e isso consegue-se revendo rotas de exportação e reduzindo os camiões de distribuição.
  • Há ainda um esforço num processo de produção biológico que “não é só na vinha, mas também na fermentação”, repara João Nicolau de Almeida.

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