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Problemas estratégicos dos Açores devem ser resolvidos pela sociedade civil

Madalena Mota, Mário Fortuna e Oscar del Rey debateram os problemas (e as virtudes) da Região Autónoma dos Açores
Madalena Mota, Mário Fortuna e Oscar del Rey debateram os problemas (e as virtudes) da Região Autónoma dos Açores
Ana Baiao

A necessidade de criar instituições sólidas, independentes das alterações políticas, e as estratégias das empresas açorianas para fazer a diferença foram algumas das ideias que marcaram a conferência dos 50 anos do Expresso em Ponta Delgada, com o apoio da Tabaqueira

Problemas estratégicos dos Açores devem ser resolvidos pela sociedade civil

Marina Almeida

Jornalista

Com o turismo a crescer em todo o arquipélago, a Região Autónoma dos Açores enfrenta os desafios da sustentabilidade do destino, a par da fixação de jovens e de talentos. Uma das estratégias passa pela inovação, como destacou Madalena Mota, CEO da Gorreana. A empresa familiar, que se dedica à produção de chá há 140 anos, explicou a importância de se associar à Universidade dos Açores, que lhe permitiu melhorar a produção e acrescentar valor, aumentando os preços.

“O professor José Batista disse-nos que o chá estava com poucos antioxidantes e fomos solucionar o problema e perceber a causa. Dávamos muito calor a secar o chá. Alterámos o processo. Comecei a perceber que nos faltava o resto. Fizemos um projeto do Portugal 2020 com investigação que acabou por levar à criação de novos produtos. Gosto de vender na minha terra, mas se não vender lá fora não estou aqui”, disse a empresária.

Madalena Mota participava no painel dedicado aos desafios económicos dos Açores, na conferência Expresso 50 anos que decorreu esta quarta-feira no Hotel Vila Galé, em Ponta Delgada. Mário Fortuna, presidente da câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, acentuou a necessidade de instituições estáveis, impermeáveis à instabilidade política que, previsivelmente, marcará os próximos anos. “Não podemos ter instituições fracas”, sublinhou referindo que as “as empresas precisam de um contexto estável” para trabalhar.

Oscar del Rey, CEO da Prolacto, corroborou a ideia: “Os problemas estratégicos têm de ser resolvidos pela sociedade civil, independentemente da política”. Na sua intervenção ressalvou a importância do setor, sem obstar as questões ambientais: “O trabalho tem de ser feito em conjunto com outros setores. Não podes reduzir o metano das vacas e trazer mais barcos e aviões”.

Conheça as principais conclusões.

Reforço das instituições

  • Independência das oscilações políticas é fundamental para garantir crescimento económico.

Crescimento

  • O crescimento económico sustentável não deve ser baseado na dívida nem nos apoios externos. Os Açores devem competir internacionalmente com a sua indústria e o turismo.

Investigação

  • Colaboração entre empresas e a Universidade (dos Açores) é fundamental para produzir conhecimento, reforçar e diferenciar a oferta.

Turismo

  • É um sector em crescimento, a precisar de aposta na qualificação do destino e na promoção. Mário Fortuna lembrou que este sector da atividade económica travou a quebra da população na última década. “Os Açores perderam dez mil residentes. Se não tivesse o surto do turismo o nosso desastre demográfico teria sido maior”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: malmeida@expresso.impresa.pt

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