As alterações em marcha alavancadas nas novas ferramentas de inteligência artificial vão ao cerne mais profundo do que significa uma profissão ou uma atividade económica. Implicam uma preparação muito grande de quem está no mercado de trabalho e uma atenção enorme dos legisladores para garantir que as ameaças que muitos sentem não superem as oportunidades que outros muitos garantem estar ao virar da esquina.
Novos trabalhos surgem, mas outros correm risco de desaparecer, ao passo que todas as gerações se questionam sobre o verdadeiro impacto que esta revolução vai ter, quando não parece haver ainda um limite para o que é possível atingir com as novas ferramentas, do Chat GPT aos diagnósticos médicos. Por outras palavras, estamos ainda no início.
Dar forma a estas inquietações foi o que se procurou fazer na conferência “O Futuro: evolução das organizações na era da inteligência artificial”, inserida no ciclo de celebração dos 30 anos da Abreu Advogados e que tem o Expresso como media partner. O debate contou com a participação de Luís Marques Mendes, comentador; Carlos Oliveira, presidente da Fundação José Neves; Celeste Hagatong, presidente do Banco de Fomento; José Teixeira, CEO da DST; Luís Reis, CEO da Sonae Financial Services Sonae Fashion; Pedro Moreira da Silva, CEO da Cerealis; Daniel Susskind, autor; Alexandre Mendes, head of ventures na Subvisual; António Marquez Filipe, administrador da Symington e vice-presidente do CA da Casa da Música; Liliana Ferreira, professora na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e diretora executiva da Fraunhofer Portugal AICOS; e Ana Pinho, presidente do conselho de administração e da comissão executiva da Fundação de Serralves.
Conheça as principais conclusões.
Revolução estrutural
- O impacto da inteligência artificial “vai ser tão grande ou maior que o da antiga revolução industrial”, garante Marques Mendes.
- Para o comentador e conselheiro de Estado, parece claro que a “inteligência artificial levanta problemas éticos”, mas é impossível não reconhecer que o seu advento é uma realidade que não pode ser contornado.
- Uma transformação estrutural a que Portugal não se pode dar o luxo de ficar alheio, sobretudo quando o país é “periférico à escala europeia, mas central na escala global”.
Olhar para as oportunidades
- A inteligência artificial “já está muito mais presente do que pensamos”, garante Celeste Hagatong, para quem as oportunidades também se estendem aos serviços prestados pelo sector público.
- “A evolução que vamos ter nestas ferramentas vai ser muito superior”, aponta Carlos Oliveira, com José Teixeira a defender que “não vai ser o fim do trabalho de maneira nenhuma”.
- “Esta visão catastrofista de que tudo vai desaparecer não me parece que esteja em cima da mesa”, aponta Luís Reis.
Aumentar produtividade
- Atualmente temos “dificuldade em encontrar talento”, lembra Pedro Moreira da Silva, campo onde a inteligência artificial pode dar um contributo importante.
- Por outro lado, mais do que temer o desemprego, o grande desafio é “aumentar a produtividade” com recurso a estas ferramentas, sustenta.
- Acredita Alexandre Mendes que a “forma como construímos a narrativa vai definir muito do que fazemos com esta tecnologia”.
Novas gerações, desafios antigos
- "O intergeracional vai ser uma das formas de trabalho que vai ter que ser implementado", alerta Liliana Ferreira.
- Se as novas gerações vão crescer num mundo dominado pelas capacidades da inteligência artificial, as gerações mais velhas também procuram adaptar-se para não ficarem à parte da transformação.
- Importa “garantir que inteligência artificial não põe em causa o ser humano”, afirma Ana Pinho.
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