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Universidades precisam de adaptar oferta formativa às competências procuradas pelas empresas

João Vieira Pereira, diretor do Expresso, assiste ao debate moderado pela jornalista Joana Ascensão. A conversa contou com a participação de Teresa Andresen (arquiteta paisagista), Manuela Vaz (Accenture Portugal), Margarida Rodrigues (Fundação José Neves) e Fernando Alexandre (Universidade do Minho)
João Vieira Pereira, diretor do Expresso, assiste ao debate moderado pela jornalista Joana Ascensão. A conversa contou com a participação de Teresa Andresen (arquiteta paisagista), Manuela Vaz (Accenture Portugal), Margarida Rodrigues (Fundação José Neves) e Fernando Alexandre (Universidade do Minho)
RUI DUARTE SILVA

A diferença salarial entre quem frequentou o ensino superior e o ensino secundário é de apenas 27%, contra os 50% que se verificavam em 2011. Tornar os currículos académicos mais adaptados às exigências da economia real é, para o economista Fernando Alexandre, imperioso. Esta foi uma das conclusões do debate que assinalou, esta sexta-feira, em Braga, os 50 anos do Expresso e da Universidade do Minho

Francisco de Almeida Fernandes

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Um ensino superior mais próximo da realidade do mercado de trabalho é cada vez mais importante para diminuir o excesso de diplomados em áreas sem emprego e para responder à escassez de talento noutros sectores. O estudo anual divulgado esta quinta-feira pela Fundação José Neves, Relatório do Estado da Nação 2023, torna evidente a razão desta necessária mudança, assinalou Margarida Rodrigues durante a conferência “50 Anos: Expansão e Impacto da Universidade em Portugal”. “Em termos médios, o ganho salarial entre os jovens que terminam o ensino superior e os que se ficam pelo ensino secundário tem vindo a diminuir ao longo dos anos”, avisou a diretora de investigação da fundação.

No evento organizado pelo Expresso esta sexta-feira, em Braga, a responsável lembrou que, em 2011, a diferença era de 50%, mas que, em 2022, o valor “caiu para 27%”. Apesar de este dado poder ser visto como um desincentivo à formação académica, Margarida Rodrigues acredita que “continua a compensar ir para o ensino superior”, mas defende ser “importante” criar um maior alinhamento entre as políticas públicas educativas, científicas e económicas. A razão é, concorda Fernando Alexandre, simples – as universidades e os institutos politécnicos têm de fazer um esforço para se adaptar às competências mais procuradas pelas empresas, num clássico exercício económico de oferta e procura.

“Há uma certa rigidez que as universidades têm de ultrapassar porque temos de responder à procura”, continua o professor de economia da Universidade do Minho (UMinho), que sublinha ainda o desafio trazido pelo “envelhecimento do corpo docente”. Este caminho de adaptação curricular tem vindo a ser percorrido pela instituição de ensino superior dirigida pelo reitor Rui Vieira de Castro, que assume a “capacitação de pessoas” como um dos objetivos centrais da estratégia da UMinho. “Temos em desenvolvimento uma muito ambiciosa experiência de formação não conferente de grau, especialmente orientada para grupos profissionais”, diz, em referência ao processo de requalificação laboral que não tem dúvidas ser necessário na economia do presente e, sobretudo, do futuro.

Após mais uma viagem pelo ciclo de conferências que assinalam o 50º aniversário do Expresso em todo o país, o semanário parou esta sexta-feira em Braga para debater os desafios e as oportunidades do ensino superior em Portugal. Antes disso, porém, houve tempo para a inauguração da exposição itinerante com 50 capas históricas do jornal, que fica patente no Largo Carlos Amarante, no centro histórico da cidade, durante as próximas semanas. A mostra Expresso 50 Anos vai ainda passar por mais oito capitais de distrito até ao final do ano.

Conheça, abaixo, as principais conclusões da conferência:

Mais colaboração com as empresas

  • Criar uma linguagem comum aos mundos académico e empresarial é um desafio com que muitas instituições de ensino superior se debatem nos últimos anos, mas que, uma vez ultrapassado, representa vantagens para todos. “As universidades são o nosso principal parceiro, é aí que vamos buscar as pessoas para podermos fazer o nosso trabalho”, esclarece a vice-presidente da Accenture Portugal;
  • Manuela Vaz assinala que a relação de parceria entre a consultora e a UMinho foi essencial para criar, em Braga, um centro “com cerca de 700 pessoas” especializadas. Apesar de considerar que “há ainda caminho a fazer” para aproximar academia e empresas, a responsável acredita que “existe claramente vontade” de o fazer;
  • “A UMInho é uma das que conseguiu fazer isto melhor em Portugal”, assegura Fernando Alexandre, que destaca o trabalho de proximidade desenvolvido com a alemã Bosch, mas também com startups criadas em ambiente e com apoio académico.
  • A arquiteta paisagista Teresa Andresen recorda que “a universidade foi a principal instituição responsável por grande parte da transformação extraordinária do país”, um papel que, defende, deve manter. Para isso, porém, é essencial que se mantenha em evolução permanente.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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