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Inverno demográfico desafia universidades a apostar na requalificação de trabalhadores

Universidade do Minho
Universidade do Minho
Sérgio Granadeiro

Aprendizagem ao longo da vida e escassez de recursos humanos são questões em que o ensino superior pode ter um papel importante, considera o reitor da Universidade do Minho, que tem já um plano de atuação preparado. A próxima conferência dos 50 anos do Expresso vai discutir, esta sexta-feira em Braga, o impacto da academia no país. A transmissão será feita em direto no Facebook do semanário

Francisco de Almeida Fernandes

As últimas décadas do ensino superior em Portugal mostram que o país alcançou conquistas importantes na educação com importantes reflexos na economia e na sociedade. Se em 1980 existam quase 81 mil estudantes à procura do grau académico, esse número disparou para mais de 433 mil em 2022, o ano em que se registou o maior valor de sempre. “Aquilo que aconteceu no ensino superior no nosso país é notável. Hoje temos cerca de 50% dos nossos jovens que estão em idade de aceder ao ensino superior a frequentar o ensino superior e isso representa uma mudança radical”, aponta o reitor da Universidade do Minho.

Rui Vieira de Castro, que lidera os destinos da instituição que celebra este ano, tal como o Expresso, o seu 50º aniversário, não tem dúvidas sobre os impactos “transformadores” do ensino na construção de um número significativo de “pessoas altamente qualificadas” no país. Porém, realça, há desafios que importa enfrentar para assegurar um contributo contínuo das universidades para o desenvolvimento da sociedade, mas também para preparar Portugal para a perda demográfica e as suas consequências.

“Um grande desafio que identifico para a universidade nesta próxima década será reorientar a sua oferta educativa, de forma a poder responder às necessidades de qualificação das pessoas”, antecipa Vieira de Castro

Esse “inverno demográfico” será visível, por exemplo, nos recursos humanos disponíveis nas instituições, um problema para o qual alertou, na última semana, o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, que estima que entre 500 e 600 docentes irão reformar-se nos próximos quatro anos. No entanto, o envelhecimento da população representa ainda efeitos negativos na economia, com a escassez de trabalhadores e uma crescente necessidade de requalificação. É aqui, neste ponto crucial para o mundo do trabalho, que Rui Vieira de Castro acredita que as universidades podem ter um papel fundamental.

29%

Crescimento de Braga nas exportações nacionais em 2022, um valor para o qual contribuíram a Bosch, Accenture ou Fujitsu, entre muitas outras com presença forte no concelho.

A colaboração estreita entre academia e empresas é um modelo que já provou, em várias regiões do país, ser benéfica para ambos – as instituições de ensino formam quadros altamente especializados e adaptados à economia real, enquanto as organizações alargam a possibilidade de recrutamento. Em Braga, a colaboração entre a Universidade do Minho e a alemã Bosch é disso exemplo, uma relação que tem permitido potenciar a inovação com origem portuguesa e aplicá-la pelo mundo. “Gostava que houvesse a perceção social, por parte dos empregadores, de que a universidade pode ter, efetivamente, um papel transformador na vida das empresas e das pessoas”, refere o reitor, que aponta os exemplos da Bosch e da Continental como casos de sucesso desta visão.

“50 Anos: Expansão e Impacto da Universidade em Portugal” é o tema da próxima conferência organizada pelo Expresso, a propósito da celebração do seu 50º aniversário, que terá lugar na Universidade do Minho já na próxima sexta-feira, dia 16. Consulte, abaixo, o programa completo do evento.

“50 Anos: Expansão e Impacto da Universidade em Portugal”

O que é

À boleia das comemorações do 50º aniversário do Expresso, o semanário quer sentir o pulso ao país. Depois várias paragens pelo território nacional, a cidade de Braga é o próximo destino da exposição e conferência itinerantes do jornal. O debate vai juntar professores da Universidade do Minho, empresas com impacto na economia local e mecenas que apoiam a formação académica dos jovens portugueses. Ao longo da tarde, os 50 anos do Expresso e da Universidade do Minho dão o mote para debater a importância do ensino superior no desenvolvimento de Portugal e na construção da geração mais qualificada de sempre.

Quando, onde e a que horas?

Sexta-feira, 16 de junho, a partir das 15h, no Edifício da Universidade do Minho, em Braga.

Quem são os oradores em destaque?

  • João Vieira Pereira, diretor do Expresso;
  • Rui Vieira de Castro, reitor da Universidade do Minho;
  • Fernando Alexandre, professor da Universidade do Minho;
  • Teresa Andresen, arquiteta paisagista;
  • Manuela Vaz, vice-presidente da Accenture Portugal;
  • Margarida Rodrigues, diretora de investigação da Fundação José Neves.

Porque é que este evento é importante?

Em 2022, Portugal registou o maior número de sempre de estudantes a frequentar o ensino superior - mais de 433 mil. Porém, a escassez de recursos humanos, motivada pela competição de um mercado laboral que é hoje, mais do que nunca, global e aberto, é um dos desafios que o país enfrenta. Como podem as universidades contribuir para mitigar os efeitos deste desafio? Que papel devem as empresas e o Estado ter na requalificação de recursos humanos? Estas e outras questões farão, certamente, parte da conferência que tem lugar na Universidade do Minho.

Como posso ver?

Simples, clicando AQUI

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