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Inteligência artificial traz “ameaças” mas também “enormes oportunidades” para o ensino

O debate contou com (da esq. para a dir.) Joana Feijó (Health Cluster Portugal), João Pedro Caseiro (Associação Académica de Coimbra), Susana Aires de Sousa (Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra), Penousal Machado (Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra) e Cristina Albuquerque (Universidade de Coimbra)
O debate contou com (da esq. para a dir.) Joana Feijó (Health Cluster Portugal), João Pedro Caseiro (Associação Académica de Coimbra), Susana Aires de Sousa (Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra), Penousal Machado (Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra) e Cristina Albuquerque (Universidade de Coimbra)
José Fernandes

As conclusões são de mais uma conferência itinerante que assinala os 50 anos do Expresso, desta vez em Coimbra, junto à mais antiga universidade do país, onde se debateu o papel da tecnologia na aprendizagem

Francisco de Almeida Fernandes

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“Não podemos, nem devemos, negar o progresso tecnológico”. Foi assim que a vice-reitora da Universidade de Coimbra começou a sua intervenção na conferência “Inteligência artificial, o ensino e o futuro”, organizada esta sexta-feira pelo Expresso a propósito das celebrações do 50º aniversário do semanário. Para Cristina Albuquerque, o ensino superior deve “integrar o que a inteligência artificial (IA) tem de melhor” e reconhecer as potencialidades destas ferramentas ao serviço do sistema educativo.

O debate em torno da disrupção, das vantagens que oferece e dos riscos que comporta decorreu no icónico Colégio da Trindade, que representa os mais de 700 anos de história daquela que é a mais antiga universidade do país. Durante o discurso de abertura, Amílcar Falcão fez questão de sublinhar a capacidade de adaptação da instituição que dirige à nova realidade da digitalização, num processo que está em curso. “A Universidade de Coimbra, muito empurrada pela pandemia, não hesitou em colocar o seu foco na inovação pedagógica”, afirmou o reitor.

Entre os exemplos deste processo de adaptação estão as “salas imersivas para ensino híbrido” ou a “desmaterialização dos exames”, trabalho que a ser feito e que em breve “estará em velocidade cruzeiro”. Sobre o impacto que ferramentas como o ChatGPT podem ter nas instituições e na dinâmica educativa, Amílcar Falcão é claro: “O progresso tecnológico pode comportar grandes ameaças, assim como pode trazer enormes oportunidades”.

Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra, recusou a ideia de "proibir" ferramentas de inteligência artificial na instituição e lembrou que "temos de nos adaptar aos tempos"
José Fernandes

O painel de discussão organizado pelo Expresso, moderado pelo jornalista João Miguel Salvador, contou com a vice-reitora Cristina Albuquerque, o professor e investigador residente Penousal Machado, a professora de direito Susana Aires de Sousa, o presidente da Associação Académica de Coimbra, João Pedro Caseiro, e Joana Feijó, diretora de desenvolvimento de negócio no Health Cluster Portugal.

Conheça, abaixo, as principais conclusões:

Utilização responsável da tecnologia

  • Mais do que uma visão alarmista sobre a proliferação da IA – que, de resto, já existe e é utilizada há várias décadas - os participantes preferem olhar para as mais-valias que a tecnologia pode acrescentar ao atual modelo de ensino. Uma delas é a “poupança de tempo na procura de informações”, tornando possível aos estudantes concentrar o seu esforço noutras atividades, como a análise, o pensamento crítico e a reflexão, considera Cristina Albuquerque.
  • A líder da Associação Académica de Coimbra concorda com a integração das plataformas de IA no sistema educativo como “elemento complementar” que não pode, contudo, “substituir o professor”. Joana Feijó assinala a importância da dimensão humana no percurso de aprendizagem, embora defenda que a IA pode contribuir para a “personalização do ensino” e transformação do atual modelo de sala de aula.
  • Susana Aires de Sousa, especialista em direito, reconhece os desafios da IA do ponto de vista legal, mas acredita que a resposta não passa por interditar a sua utilização. “Existe risco de manipulação da informação. Nesse sentido, a literacia digital e o ensino sobre IA são fundamentais para termos consciência das nossas limitações e sabermos que estamos a dialogar com uma máquina”, defende.
  • Penousal Machado, que está envolvido em vários projetos de IA, nomeadamente com a OpenAI, reforça a necessidade de endereçar o “uso eticamente responsável” da tecnologia. Este é, aponta, “o grande desafio para quem trabalha nesta área”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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