Apesar de não ser uma tecnologia nova, a inteligência artificial regressou ao debate público com a disponibilização do ChatGPT, uma ferramenta capaz de reconhecer a linguagem natural de um ser humano. Com a evolução das capacidades deste tipo de soluções tecnológicas, uma das questões que se coloca é que impacto poderão ter no ensino. Joana Feijó, diretora de Desenvolvimento de Negócio do Health Cluster Portugal (HCP), acredita que “a inteligência artificial vai permitir novos modelos” de aprendizagem e que vai melhorar a forma como o conhecimento é transmitido.
A responsável do HCP compara a introdução desta ferramenta à introdução da calculadora nas escolas, que provocou uma discussão sobre se “os alunos iriam deixar de fazer contas de cabeça”. “Mas isso permite-lhes ir mais além e chegar ao nível da análise crítica”, considera. Joana Feijó antecipa um futuro em que o ensino é adaptado às diferentes necessidades de cada aluno, assente num modelo “colaborativo” que promova o pensamento crítico.
“Acho que o ensino vai ter que absorver a inteligência artificial e criar novos modelos de ensino que serão muito mais colaborativos”, aponta Joana Feijó
João Pedro Caseiro concorda com a ideia de olhar para a inteligência artificial como uma ferramenta “complementar”, mas mostra-se cauteloso sobre a sua implementação para não colocar em risco “a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes”. O presidente da Associação Académica de Coimbra e licenciado em Ciências da Educação reconhece que “temos de acompanhar as mudanças e o progresso”, desde que seja preservado o valor que atribui ao ensino superior: o estímulo do espírito crítico e um ensino de qualidade.
Desde o surgimento do ChatGPT, multiplicaram-se as notícias sobre a capacidade deste assistente virtual de produzir trabalhos académicos, o que motivou, também, o aparecimento de plataformas de controlo para evitar o uso abusivo da inteligência artificial. Da mesma forma que as universidades e politécnicos “já dispõem de mecanismos de deteção de plágio”, João Pedro Caseiro acredita que “as instituições de ensino superior terão de desenvolver meios que permitam detetar a utilização de inteligência artificial”.
foi o ano em que nasceu o primeiro laboratório dedicado à inteligência artificial, criado pelos cientistas Herbert Simon e Allen Newell para reproduzir, através de máquinas, a capacidade de raciocínio do ser humano
Estes são alguns dos novos desafios que surgem no ensino com a proliferação da tecnologia, um tema que dá o mote à conferência “A inteligência artificial, o ensino e o futuro”, integrada no ciclo dedicado a celebrar os 50 anos do Expresso. O evento acontece na próxima sexta-feira, 5 de maio, no Colégio da Trindade da Universidade de Coimbra, a partir das 14h30, e terá transmissão em direto no Facebook do semanário.
Já esta quarta-feira, o Expresso inaugura a exposição que assinala o 50º aniversário do jornal, que leva à Praça da República, em Coimbra, cinco dezenas de primeiras páginas históricas. A iniciativa itinerante já passou por Lisboa, Santarém, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Bragança e Vila Real.
O que é
À boleia das comemorações do 50º aniversário do Expresso, o semanário quer sentir o pulso ao país. Depois de Lisboa, Santarém, Portalegre, Castelo-Branco ou Guarda, Coimbra é o próximo destino da exposição e conferência itinerantes do jornal. O debate vai juntar professores da Universidade de Coimbra e especialistas ligados à inteligência artificial para uma reflexão sobre a evolução da tecnologia, a sua aplicação no ensino e os novos desafios que traz para cima da mesa.
Quando, onde e a que horas?
Sexta-feira, 5 de maio, no Colégio da Trindade da Universidade de Coimbra, a partir das 14h30,
Quem são os oradores?
- João Vieira Pereira, diretor do Expresso;
- Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra;
- Cristina Albuquerque, vice-reitora da Universidade de Coimbra para o Ensino e Atratividade;
- Penousal Machado, professor associado do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra;
- Susana Aires de Sousa, professora auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra;
- João Pedro Caseiro, presidente da Associação Académica de Coimbra;
- Joana Feijó, diretora de Desenvolvimento de Negócio da Health Cluster Portugal.
Porque é que este evento é importante?
A inteligência artificial veio para ficar e moldar o futuro da sociedade em várias áreas, do ensino à saúde, da economia à mobilidade. A disponibilização pública, em formato de acesso livre, do ChatGPT reacendeu a discussão em torno das potencialidades, mas sobretudo dos desafios que a tecnologia representa.
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