A pandemia mudou irremediavelmente a forma como os doentes e serviços de saúde se relacionam, ao mesmo tempo que colocou muitas especialidades médicas como que “em espera” enquanto os recursos humanos estavam quase todos concentrados no combate ao covid-19. A consequência é que muitas doenças crónicas ficaram por diagnosticar e tratar, e se agora se tenta recuperar o tempo perdido, parece inegável que o principal impacto ainda se vai sentir.
“As pessoas com doenças crónicas, que pela natureza das suas patologias precisam de acompanhamento regular e permanente, seja de consultas médicas, de meios de diagnóstico ou de tratamentos diversos, encontraram-se na difícil e angustiante situação de não conseguirem acesso aos cuidados de saúde necessários”, explica Isabel Saraiva, presidente da Associação Respira. Importa perceber que “dependendo das circunstâncias individuais, a falta de acesso aos cuidados de saúde, acarreta sempre danos de dimensão variável, mais recuperáveis uns do que outros”.
A avaliação do impacto está a ser conduzida enquanto se multiplicam medidas e planos para que o sistema de saúde trate melhor as doenças crónicas e esteja melhor preparado para o futuro. Pedem-se ideias, e é precisamente isso que haverá oportunidade de conhecer na 13.ª edição do Angelini University Award (AUA!), que premeia o talento nacional dos melhores trabalhos apresentados por alunos universitários.
“O que a literatura mostra é que houve um excesso de mortalidade, principalmente durante o ano de 2020, e que apenas uma parte se deveu a mortes diretamente causadas pela infeção por covid-19”, aponta Luís Campos
O evento deste ano decorrerá no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, sob o mote da “Gestão dos Danos Colaterais da Pandemia em Pessoas com Doenças Crónicas”, e juntará vários especialistas do sector para conhecer diferentes projetos da área académica. Para o 1º e 2º lugar haverá um prémio de €10 mil e €5 mil, respetivamente.
Luís Campos, presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente e presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina Interna é um dos convidados, e acredita que “a pandemia apenas destapou as fragilidades do SNS que afetam a resposta aos doentes crónicos e estas fragilidades persistem”. Para as enfrentar, é necessário, por exemplo, “investir na prevenção das doenças e promoção da saúde, implementar uma estratégia para fazer face ao envelhecimento da população e conjugar a hiperespecialização crescente com a abordagem holística dos nossos doentes”.
milhões de portugueses têm uma doença crónica, de acordo com os dados do INSA - Instituto Nacional de Saúde
Temas a abordar no evento de atribuição dos AUA!, que pode conhecer mais em detalhe com a ficha seguinte.
O que é?
A 13ª edição do Angelini University Award tem como tema a “Gestão dos Danos Colaterais da Pandemia em Pessoas com Doenças Crónicas”. Este ano serão distinguidos projetos assentes em soluções para reduzir o impacto provocado pela covid-19 na vida das pessoas com doenças crónicas, numa iniciativa dirigida a estudantes universitários que vai distinguir os dois melhores projetos de estudantes universitários com aplicabilidade real.
Quando, onde e a que horas?
30 de novembro, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, às 10h30.
Quem são os oradores?
- Andrea Zanetti, diretor geral da Angelini Portugal
- Adalberto Campos Fernandes, professor e médico especialista em saúde
- Catarina Baptista, vice-Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares
- Isabel Saraiva, presidente da Associação Respira
- Joaquim Gago, professor e médico Psiquiatra
- Luís Campos, presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente e presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina
- Eduardo Ribeiro, diretor médico da Angelini Pharma Portugal
- Elsa Frazão Mateus, presidente da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas
- Luís Lourenço, presidente da Direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos
- Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos
- Miguel Telo de Arriaga, chefe da Divisão de Literacia em Saúde e Bem-Estar da DGS
Porque é que este tema é importante?
Porque vivemos um período em que ainda estamos a perceber qual foi o verdadeiro impacto dos atrasos nos diagnósticos e tratamentos provocados pela pandemia e o que é possível fazer a nível institucional para que tal situação não se volte a repetir. Importa conhecer medidas, ideias, e projetos que possam ajudar a delinear o futuro.
Onde posso ver?
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