Controlar a pandemia implica solidariedade com países em desenvolvimento
A União Europeia comprometeu-se a enviar pelo menos 2,2 mil milhões de doses da vacina covid-19 aos países mais pobres
José Fernandes
Projetos Expresso. A iniciativa COVAX, que tem como objetivo garantir o acesso destas populações a vacinas covid-19, já distribuiu 81 milhões de doses por 129 nações. “Aplaudimos as promessas de líderes mundiais sobre a partilha de doses e esperamos que outros sigam os seus passos”, diz Durão Barroso. À sexta, o ‘Mais Saúde, Mais Europa’ reúne os eventos-chave da semana numa iniciativa do Expresso com apoio da Apifarma
Francisco de Almeida Fernandes
“Só estaremos a salvo quando todo o mundo estiver a salvo”, disse, em fevereiro, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, a propósito da contribuição da União Europeia para a distribuição de vacinas pelos países em desenvolvimento. A nível comunitário, o grupo de Estados-membros está comprometido com a entrega de pelo menos 2,2 mil milhões de doses para combater a covid-19 através da aliança internacional, COVAX. À frente deste programa está a GAVI – Aliança para as Vacinas, liderada por José Manuel Durão Barroso, que faz um balanço ao Expresso e pede a mobilização de mais países. “Aplaudimos as promessas de líderes mundiais como o presidente Biden, o presidente Macron e a chanceler Merkel sobre a partilha de doses e esperamos que outros sigam os seus passos”, afirma.
Recorde-se que também Portugal garantiu apoio aos PALOP e Timor-Leste com o envio de 5% das vacinas que o país adquiriu, totalizando cerca de um milhão de doses. Este compromisso funciona de forma paralela ao assumido a nível comunitário, através da COVAX. “A COVAX funciona, entregando vacinas mais rápido, para mais países e em maiores volumes do que nunca numa pandemia”, defende Durão Barroso, acrescentando que já foram distribuídas “81 milhões de doses até agora para 129 países e territórios ao redor do mundo”. Os especialistas da Organização Mundial de Saúde e da UNICEF, entre outros, têm alertado para a importância de garantir que as populações de países em desenvolvimento tenham acesso à imunização, de forma a ser possível controlar a pandemia a nível internacional.
“Aplaudimos as promessas de líderes mundiais como o presidente Biden, o presidente Macron e a chanceler Merkel sobre a partilha de doses e esperamos que outros sigam os seus passos”, afirma Durão Barroso
A questão do acesso a novos medicamentos e terapêuticas, na covid-19 e em várias outras patologias, tem sido uma das prioridades assumidas pela Comissão Europeia e pela Presidência Portuguesa do Conselho da UE, cuja atividade o ‘Mais Saúde, Mais Europa’ continua a acompanhar. A iniciativa do Expresso com apoio da Apifarma reúne, à segunda-feira, os eventos-chave da semana e, à sexta-feira, faz um resumo dos temas mais relevantes.
€1000 milhões
é o montante definido pela Comissão Europeia para a contribuição da União Europeia para o programa COVAX. Até agora, 48% da população comunitária já recebeu pelo menos uma dose da vacina
Conheça os destaques da semana:
Segunda, 07
A Fundação Portuguesa para a Ciência e Tecnologia (FCT), a Comissão Europeia e a Agência Portuguesa para a Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB) organizam, esta segunda-feira, um workshop sobre interoperabilidade dos dados em saúde. O objetivo é discutir como a pandemia pode ser uma oportunidade para melhorar a partilha de dados entre sistemas e hospitais, por exemplo, de forma a facilitar o acesso às informações clínicas dos doentes para efeitos de investigação.
Com dados partilhados, é possível identificar tendências e agir mais rapidamente, particularmente importante durante crises sanitárias como aquela que vivemos desde março de 2020. “A recolha estruturada e de forma sistemática e comparável permite avaliar os dados de vida real”, explica Marta Soares, diretora clínica do IPO do Porto, referindo-se ao potencial de aplicação na área da investigação.
O evento inclui quatro sessões dedicadas às lições aprendidas durante a pandemia, à reflexão do trabalho conseguido nos últimos meses, aos desafios na interoperabilidade de dados e uma última com as conclusões da iniciativa. A fechar, haverá tempo para uma intervenção da Presidência Portuguesa.
Quarta, 09
Neste dia, o Parlamento Europeu vai discutir as consequências da suspensão do acordo TRIPS da Organização Mundial do Comércio relacionado com as vacinas contra a covid-19, numa altura em que a União Europeia já disponibilizou, no âmbito do Equipa Europa, mais de 40 mil milhões de euros para ações solidárias. Porém, alerta Durão Barroso, “as nações ricas têm atualmente excedentes de cerca de 1,5 mil milhões de doses que devem ser partilhadas o mais rápido possível”.
Por isso mesmo, o antigo presidente da Comissão Europeia afirma que “como enfrentamos uma escassez global de abastecimento, precisamos de fazer mais para levar as doses aos países o mais rápido possível”. Para isso será, também, importante aumentar a capacidade de produção de vacinas, nomeadamente em território europeu, mas também garantir que chegam aos países mais pobres.
