Projeto 20+20

Microlime sai dos terrenos da Siderurgia Nacional para entrar no campo da tecnologia de ponta

Joaquim Brites Fernandes, administrador da Microlime, consegui fundos europeus essenciais
Joaquim Brites Fernandes, administrador da Microlime, consegui fundos europeus essenciais
Marcos Borga

A empresa de cal e derivados está actualmente no Seixal. Mas para o ano vai para mudar a paisagem de Ourém com a nova fábrica. Esta é a terceira história de 20 empresas que já ganharam os fundos europeus do Portugal 2020

Miguel Ângelo Pinto

O encerramento da via integrada de produção de aço da Siderugia Nacional foi o pontapé de saída para Joaquim Brites Fernandes pensar numa nova saída profissional. Agastado com o fim de uma atividade industrial, que durante mais de 20 anos tinha ajudado a desenvolver, resolveu propor à administração da Siderurgia a aquisição do forno da cal, uma vez que esta era uma das instalações que a empresa pretendia vender como forma de reduzir o impacto social do encerramento.

€12,5 milhões
Valor global de investimento destinado à construção de uma nova unidade fabril em Ourém

O projeto foi aprovado e até ao fim da atividade siderúrgica, em Março de 2001, a Microlime forneceu cal viva (óxido de cálcio) em exclusividade para a Siderurgia após o que procedeu a um extenso programa de investimento para autonomizar o forno da cal da estrutura industrial e para automatizar o seu funcionamento, recomeçando a laboração no início de 2002. Brites Fernandes lembra que “a boa receptividade dos mercados, português e espanhol, à iniciativa da Microlime, conduziu à decisão, em 2004, de construir um forno moderno (o forno actual data de 1960 e tem, portanto, uma tecnologia já ultrapassada) e de maior capacidade, de modo a dotar a empresa de produto, em quantidade e qualidade, para poder entrar nos sectores consumidores de óxido de cálcio com qualidade mais sofisticada”.

De facto, em 2004, a Microlime já tinha duplicado a produção e, em 2006, concretizou investimentos que permitiram um aumento de capacidade de 30%. Com esses investimentos a Microlime atingiu o limite máximo de capacidade do forno actual. As dificuldades de financiamento não permitiram avançar com o projecto do novo forno, até que, em 2006, a empresa catalã Cales de Pachs entrou no capital da Microlime.

A expansão da pedreira para 8 hectares confere a existência de reservas para 30 anos de exploração
Marcos Borga

Logo nesse ano se iniciou o projeto de aquisição de um terreno para construção de uma pedreira e de dois fornos de cal com a melhor tecnologia disponível. Infelizmente, salienta o administrador, “Portugal está mal preparado para acolher projetos industriais e as dificuldades decorrentes do processo de licenciamento são enormes e exigem muito tempo para serem ultrapassadas”.

Mas o investimento está em curso, no valor global de 12,5 milhões de euros, e destina-se à construção de uma nova unidade fabril situada no concelho de Ourém, freguesia de Fátima, lugar de Maxieira, cuja entrada em laboração está prevista para o primeiro trimestre de 2017. Esta fabrica contará com instalações tecnologicamente modernas e consideradas pela União Europeia como as melhores tecnologias disponíveis. Para o efeito a Microlime adquiriu uma pedreira e 18 hectares de terrenos.

O licenciamento obtido permite a expansão da pedreira para 8 hectares o que confere a existência de reservas para 30 anos de exploração. Toda a tecnologia integrada na nova unidade fabril está classificada pela União Europeia como sendo a melhor técnica disponível, sendo que a questão ambiental e os acessos não foram descurados. “A vertente ambiental consigna o envolvimento de toda a unidade por uma cortina arbórea que permitirá o adequado enquadramento da unidade na paisagem florestal envolvente. Já quanto aos acessos, foram concebidos para ligar a fábrica directamente à estrada nacional, evitando a passagem no interior das povoações circundantes”, revela Brites Fernandes.

Até 26 de fevereiro, leia no Expresso Diário as histórias de 20 empresas que já ganharam os fundos do Portugal 2020 e têm projetos para inovar e internacionalizar. E cinco guias práticos, caso deseje candidatar-se aos fundos

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