Empresa fundada por português aposta na Inteligência Artificial como arma de combate às fraudes e crimes financeiros

Jornalista
Depois de anos de experiência profissional na indústria dos pagamentos, João Moura e Nathan Trousdell, hoje CEO e COO da Fraudio, respetivamente, quiseram criar uma solução, que não existia no mercado. Este é “o primeiro factor diferenciador da empresa” que, Maarten Bleijerveld, CCO Fraudio, identifica: “Nascemos do desejo de pessoas, que realmente trabalham com este tipo de solução, são utilizadores que constroem um produto que funciona mesmo na deteção de fraude, otimiza a fluidez das transações e permite uma ação mais eficaz”. Outra diferenciação: “a solução é construída com a Inteligência Artificial como premissa, assim como do ponto de vista de uma central de dados, o que significa que os nossos módulos acedem a todos os dados de todos os nossos clientes, podem correlacioná-los muito melhor, mais rápido, fazer a segmentação correta através do canal de localização do código MCC (Merchant Category Code) [código utilizado para designar o tipo de bem fornecido pelo comerciante], e ter uma contextualização muito precisa, em tempo real, de uma fraude”. Porque, explica, quando a fraude acontece, "ter um contexto humanamente legível, ajuda na gestão de casos e na compreensão do que realmente está a acontecer”.
A Fraudio vai ainda mais longe e garante que “além de ver todos os dados, os nossos módulos aprendem e toda a aprendizagem recolhida dos módulos definidos para cada cliente entra num super módulo e depois volta para os clientes, criando um efeito de rede, onde cada um tira proveito da aprendizagem do outro”.
Sector de pagamentos deve trabalhar mais em conjunto para se antecipar a burlões
Globalmente, esta fintech tem cerca de 20 clientes, mas o valor do que é feito tem uma métrica bastante diferente e muito mais larga: “O foco da Fraudio é antes a quantidade de dados e fraudes que vemos, as transações de mais de um milhão de comerciantes por mês, com dados contextuais, e mais de mil milhões de dados”, porque “o que importa na Inteligência Artificial é o significado do número de transações que são observados através do seu sistema”.
Maarten Bleijerveld vaticina “uma tecnologia com capacidade de monitorização crescente no futuro”, mas “as pessoas não trabalham juntas o suficiente“. “Temos a capacidade para compartilhar informações entre diferentes clientes, com fluxos diferentes, sem revelar absolutamente nada, e essa é a parte mais importante na Fraudio, para onde estamos a caminhar, porque, em última análise, os burlões compartilham conhecimento, então temos de nos antecipar e, para isso, a indústria deve trabalhar em conjunto em áreas específicas”.
Primeiro cliente em Portugal ainda em 2023
A Fraudio está em fase de conclusão de negociações para um primeiro cliente e espera fechar um contrato, em Portugal, ainda durante o mês de dezembro. “Fizemos bons testes com comerciantes e bancos em Portugal, conversámos sobre a proteção e deteção de fraudes e, para os bancos portugueses e bancos de retalho, o nosso produto de monitorização e deteção de esquemas de fraude com push payments autorizados (APP) e Money Mules (branqueamento de capitais), é especialmente interessante e é o que estamos a impulsionar no mercado”, explica o responsável da empresa. Reconhece ainda que através do Visa Innovation Program, a Fraudio teve contacto facilitado com grupos específicos dentro de bancos ou adquirentes. “Foi como se houvesse uma certificação prévia da nossa empresa”, resume.
Como referência, a Fraudio capacitou a Viva Wallet, o primeiro neobanco europeu baseado em cloud, a crescer sete vezes em transações, aumentar a eficiência das equipas de risco em 600% e gerar um retorno sobre o investimento que se multiplica por oito.
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